Na noite do hoje longínquo 10 de abril de 2010, tomei um ônibus rumo a Teófilo Otoni, onde eu prestaria um concurso no dia seguinte. Os 600 km de estrada me separavam da prova para ingressar no Banco do Nordeste do Brasil, que, na real, eu tinha descoberto que existia dias antes quando achei aquele edital na internet e resolvi tentar a sorte. Entre as opções de cidade de prova, Teófilo Otoni era a mais perto de Juiz de Fora.
Quando desembarquei pela manhã, de cara fui conhecer a praça que eu soube ser habitada por bichos-preguiça. Não sosseguei enquanto não vi os bichinhos. Ainda tirei onda com um pessoal que conheci lá por eu saber que os pelos das preguiças nascem em sentido inverso ao de todos os outros mamíferos – informação que eu tinha recebido dias antes em alguma reportagem ou documentário qualquer. O pessoal era um pequeno grupo de concurseiros, de uns três homens e duas meninas, vindos de vários lugares. Os caras ainda tomaram umas cervejas depois do almoço e antes da prova, creio que só para fazer graça. Nunca soube como eles se saíram.
Ainda na praça, me lembro de ter sentido uma dor de cabeça terrível. Estranhei, já que estava acostumado a viajar longas distâncias de ônibus e nunca fui de sentir esses efeitos colaterais. Procurei por uma farmácia no centro, mas não tinha nenhuma aberta na tarde de domingo. Fui para a prova assim mesmo e me virei como deu. Depois, já em casa, soube que meu irmão teve a mesma dor na mesma hora que eu e matei a charada: tínhamos tomado uma tal vacina para gripe antes de eu viajar e um dos possíveis efeitos era a dor de cabeça.
O resultado demorou uma eternidade para sair. Mas valeu a pena esperar, eu passei. E desde então eu tenho esperado a convocação, com o nível de esperança de ser chamado variando de alto a baixo de tempos em tempos. De uns meses pra cá, tinha voltado a estudar em busca de uma oportunidade de trabalhar outra vez com o que eu me formei e tocar a vida pra frente. Tanto que tive que deixar minhas experiências literárias de lado e o blog ficou meio paradão. Até que no finzinho de dezembro, mais de dois anos e meio depois da prova, um telegrama mudou a minha vida. Na próxima semana, tomo posse no Banco do Nordeste como comunicador social.
Estou indo morar em Montes Claros, onde eu nunca estive, mas tenho a impressão de que vou me dar bem. É como se eu tivesse um tabuleiro de War e na mão uma carta escrita “sua missão é conquistar a Zona da Mata e o Norte de Minas”. A primeira parte, depois de anos de Juiz de Fora e Viçosa, está concluída.
Aos amigos que torceram por mim e estão comemorando comigo, meu muito obrigado. A quem ainda estuda para tentar um cargo público, garanto que se você continuar praticando, você vai conseguir. E então você vai ficar melhor e melhor. E essas nem são palavras minhas, são de um pequeno jovem imediatamente depois de conquistar uma das maiores vitórias da vida.
A gente se vê no Norte.
A gente se vê no Norte.