quinta-feira, 5 de novembro de 2015

30, solteiro, feliz


São 30 anos de vida, talvez mais ou menos do que isso. Seguramente, parte desse tempo ao lado de outras pessoas, como casais. Daqueles de passeios de mãos dadas, presentes, alianças. Alguns namoros longos e outros tantos casinhos que prometeram, mas não deram em nada. Essa é a história de muitas pessoas dessa idade que hoje estão solteiras. E, acredite, felizes.

O cara e a mulher de 30 anos já tiveram certeza de que tinham encontrado seu grande e eterno amor. Certeza absoluta. Mais de uma vez até. Já sofreram o fim de um relacionamento, choraram e acharam que nunca mais sairiam daquela fossa. Mas saíram e tocaram a vida. E aprenderam, mesmo que na marra, a se darem bem consigo mesmos.

A pessoa dessa idade já viu grandes amigos se casarem. E se dá muito bem com eles. Foi padrinho ou madrinha de alguns, inclusive. E não acha que tem uma vida melhor ou pior do que a deles – são coisas diferentes, cada um na sua. Eles se divertem planejando programas de casais e o futuro dos filhinhos, que já começaram a nascer. Os trintões aproveitam sua total liberdade, como bem querem.

Essa pode ser a palavra que melhor defina a chegada aos 30 “solitária”: liberdade. A pessoa de 30 anos não precisa deixar de fazer nada para não desagradar ninguém. Já fez isso em outros tempos. Agora, está bem grandinha para saber o que quer da vida e pode, por exemplo, definir hoje sua próxima viagem de férias sem se preocupar se um cônjuge prefere visitar a família no interior, descansar uns dias numa praia paradisíaca ou se aventurar numa trilha pela Amazônia, nem se o outro ficaria mais feliz em nem sair da cidade para trocar de carro. Pode pedir demissão, usar as roupas que lhe convém, se rabiscar de tatuagens, comprar um cachorrinho, pode tudo. Tudo seguindo exclusivamente a sua própria vontade. Ah, e isso é bom! Como é bom!

Claro, ser casado ou estar com alguém tem sim suas muitas vantagens. Jamais alguém negaria isso. Mas a luz aqui está em um lado negligenciado da história. Esquecido, principalmente pelas mães dos solteiros, ansiosas pelos netos, caso eles ainda não tenham aparecido vindos de relacionamentos anteriores. Melhor avisá-las de que elas ainda vão esperar mais.

Talvez o melhor de tudo de ser uma pessoa madura solteira é justamente que essa situação não é uma convicção, é uma consequência. Poucos fazem questão de permanecer assim. Também não fazem de mudar. É só que eles não querem mais qualquer um em suas vidas. Para estar ao lado e dividir a rotina tem que ser alguém especial, bacana, parceiro. Alguém que some de verdade. Senão, que as coisas fiquem como estão, elas vão muito bem. A pessoa de 30 anos já teve relacionamentos sérios e sabe exatamente o tipo de cônjuge de que ela não precisa.

Ela vê, quieta, amigos que ostentam casamentos ou longos namoros infelizes e falsos. Provavelmente, não é o caso da maioria, mas existem tantos que fingem uma felicidade irreal. Que queriam muito, mas se frustram por não poderem sair com os amigos sem rumo por aí porque o outro não vai gostar. E, agora, para evitar problemas, a vontade desse outro vem antes da dele, infelizmente. Ou, o que é bem comum, amigos que esperam a mínima brecha para fugir e agir como solteiros, serem livres por alguns poucos instantes proibidos. Esse tipo de relacionamento, essa vida dúbia, não convence mais um adulto solteiro. Na verdade, já faltaria paciência pra isso.

O solteiro ou solteira de 30 anos, ou 25 ou 40 ou qualquer outra idade, é livre para se apaixonar sempre que acontecer sem peso na consciência. Pode dormir com quem quiser. Pode dormir com muitos ou com ninguém, a escolha é dele. Pode respirar ares de juventude e ir outra vez a uma micareta. Ou pode sair para conhecer gente nova num barzinho de MPB. Pode ter amores espalhados por todos os cantos, pode voltar de cada viagem que faz com uma nova paixão, pode passar um feriado com um affair que mora longe no maior love do mundo. Sem ser injusto com ninguém, principalmente com ele mesmo. Ele é o dono dos próprios pensamentos.

Pra completar, essa pessoa pode, a qualquer momento, conhecer alguém que, sem esforço, a convença a abrir a porta da sua casa e da sua vida para ela. Mas ela não tem pressa disso. O cara de 30 não procura mais uma donzela. Se for para estar junto dele, que seja uma mulher de verdade, com cabeça, com histórias pra contar. A mulher de 30 não quer mais um príncipe encantado. Muito menos ser a princesa de ninguém. A palavra-chave passa a ser parceria, sintonia. Ou autossuficiência.

A pessoa de 30 não faz questão de chegar aos 31 solteira. Nem acompanhada. Ela deixa acontecer. O que ela quer mesmo é acordar amanhã feliz, leve e com a certeza de que tem ao lado quem lhe faz bem – seus companheiros solteiros, seus casais de amigos, a família ou, quem sabe, um novo casinho que é justamente quem vai ficar de vez na sua vida. E se esse affair não der certo, está de boa também. Paz e amor. Próprios.