domingo, 21 de novembro de 2010

Crônica bancária 6


- Eu quero trocar minhas senhas, a de números e as letrinhas.

- Pois não, senhora.. Pode digitar a nova senha aqui no teclado.

******

- Mais uma vez, pra confirmar.

******

- Está alterada. Vou cancelar a senha de letras agora... Pronto. Mas esta não tem como escolher a nova, vai sair impressa no caixa eletrônico lá fora.

- Nossa! Então deixa eu correr lá antes que alguém pegue o papelzinho antes de mim. Brigada, viu?! Tchau.

- ....

sábado, 6 de novembro de 2010

Crônica bancária 5


A cliente realmente parecia honesta. Uma jovem senhora, com vestido fechado. Simpática, sem maquiagem, cabelo preso.

- Eu queria saber se eu posso ter cartão de crédito.

- Claro, todo mundo pode. Desde que não tenha nenhuma restrição no nome. Mas isso eu consulto agora e... É, a senhora tem um problema. Tem uma restrição registrada no seu nome no SPC pelo... deixa eu ver... Mercado do Zequinha.

Cara de quem já esperava pelo pior. Feição mista de tristeza e indignação. Silêncio e umas duas balançadas de cabeça com o olhar desviado para o lado. A réplica:

- Esse Zequinha é meu ex-marido! Ele me falou mesmo que se eu me separasse dele, ele iria sujar meu nome. Aproveitou que tinha uns papéis que eu assinei com ele e fez isso. Mas agora eu vou atrás dos meus direitos. Sacanagem demais, não é?!

Nenhuma resposta, só uma breve levantada de sobrancelhas, como que manifestando plena concordância com a indignação da senhora. Mas em brigas de (ex-)marido e mulher, não se mete a colher.


Bônus (+18)

No autoatendimento, um funcionário auxilia as pessoas que não se dão bem com a tecnologia e os idosos que a longevidade da vida lhes tirou algumas virtudes físicas. Como a visão.

Entra, a passos lentos, um velhinho, desses de óculos fundo de garrafa e que resmungam todo o tempo, mesmo em silêncio.

- Meu filho, vê meu saldo aí pra mim.

- Pois não. Seu cartão, por favor. Agora digite sua senha de sílabas na tela.

- Ummmm. Ummmm. Não consigo achar. Tô ruim das cataratas, não enxergo mais nada. Bate aí pra mim. A primeira é bu.

E enquanto o funcionário prepara-se para selecionar na máquina, o velho chega a seus ouvidos e, balbuciando, diz em volume nada discreto:

- Bu de buc*ta!

- Já ouvi, senhor. Agora a segunda sílaba. Espertão...