A cliente realmente parecia honesta. Uma jovem senhora, com vestido fechado. Simpática, sem maquiagem, cabelo preso.
- Eu queria saber se eu posso ter cartão de crédito.
- Claro, todo mundo pode. Desde que não tenha nenhuma restrição no nome. Mas isso eu consulto agora e... É, a senhora tem um problema. Tem uma restrição registrada no seu nome no SPC pelo... deixa eu ver... Mercado do Zequinha.
Cara de quem já esperava pelo pior. Feição mista de tristeza e indignação. Silêncio e umas duas balançadas de cabeça com o olhar desviado para o lado. A réplica:
- Esse Zequinha é meu ex-marido! Ele me falou mesmo que se eu me separasse dele, ele iria sujar meu nome. Aproveitou que tinha uns papéis que eu assinei com ele e fez isso. Mas agora eu vou atrás dos meus direitos. Sacanagem demais, não é?!
Nenhuma resposta, só uma breve levantada de sobrancelhas, como que manifestando plena concordância com a indignação da senhora. Mas em brigas de (ex-)marido e mulher, não se mete a colher.
Bônus (+18)
No autoatendimento, um funcionário auxilia as pessoas que não se dão bem com a tecnologia e os idosos que a longevidade da vida lhes tirou algumas virtudes físicas. Como a visão.
Entra, a passos lentos, um velhinho, desses de óculos fundo de garrafa e que resmungam todo o tempo, mesmo em silêncio.
- Meu filho, vê meu saldo aí pra mim.
- Pois não. Seu cartão, por favor. Agora digite sua senha de sílabas na tela.
- Ummmm. Ummmm. Não consigo achar. Tô ruim das cataratas, não enxergo mais nada. Bate aí pra mim. A primeira é bu.
E enquanto o funcionário prepara-se para selecionar na máquina, o velho chega a seus ouvidos e, balbuciando, diz em volume nada discreto:
- Bu de buc*ta!
- Já ouvi, senhor. Agora a segunda sílaba. Espertão...
- Eu queria saber se eu posso ter cartão de crédito.
- Claro, todo mundo pode. Desde que não tenha nenhuma restrição no nome. Mas isso eu consulto agora e... É, a senhora tem um problema. Tem uma restrição registrada no seu nome no SPC pelo... deixa eu ver... Mercado do Zequinha.
Cara de quem já esperava pelo pior. Feição mista de tristeza e indignação. Silêncio e umas duas balançadas de cabeça com o olhar desviado para o lado. A réplica:
- Esse Zequinha é meu ex-marido! Ele me falou mesmo que se eu me separasse dele, ele iria sujar meu nome. Aproveitou que tinha uns papéis que eu assinei com ele e fez isso. Mas agora eu vou atrás dos meus direitos. Sacanagem demais, não é?!
Nenhuma resposta, só uma breve levantada de sobrancelhas, como que manifestando plena concordância com a indignação da senhora. Mas em brigas de (ex-)marido e mulher, não se mete a colher.
Bônus (+18)
No autoatendimento, um funcionário auxilia as pessoas que não se dão bem com a tecnologia e os idosos que a longevidade da vida lhes tirou algumas virtudes físicas. Como a visão.
Entra, a passos lentos, um velhinho, desses de óculos fundo de garrafa e que resmungam todo o tempo, mesmo em silêncio.
- Meu filho, vê meu saldo aí pra mim.
- Pois não. Seu cartão, por favor. Agora digite sua senha de sílabas na tela.
- Ummmm. Ummmm. Não consigo achar. Tô ruim das cataratas, não enxergo mais nada. Bate aí pra mim. A primeira é bu.
E enquanto o funcionário prepara-se para selecionar na máquina, o velho chega a seus ouvidos e, balbuciando, diz em volume nada discreto:
- Bu de buc*ta!
- Já ouvi, senhor. Agora a segunda sílaba. Espertão...
6 comentários:
Poxa, fico triste que o Zequinha não é aquele senhor agradável que vende pastéis a preços módicos aos estudantes bêbados e famintos nas madrugadas de sábado, mas um ex-marido vingativo disposto a tudo.
Um abraço, Denílson.
Ê, velhinho malandrão! hehehe
Li isso aqui e me lembrei das suas crônicas bancárias: http://www.futepoca.com.br/2010/11/o-terno.html
A diferença é que esse texto parece ser ficção.
Nada como ficar idoso e não se preocupar mais com as convenções sociais...
hahaha! Só faltou o funcionário completar: ... cabeluda!
Esse anônimo aí abaixo... algo me diz que é o Ré, se passando por Denílson!
"Esse anônimo abaixo", ao qual me refiro, é o lá de cima, o primeiro.
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