Estava tudo dando certo. Eu e ela num barzinho legal, comida gostosa, cerveja gelada, papo agradável e umas risadas – do jeito que eu planejei. Perfeito para a primeira vez em que saíamos juntos. Desde que eu a conheci, a achei diferente, me interessei. Temos um amigo em comum, que, tão logo nos apresentou, soube como o jeitinho dela me encantou. Foi em uma situação do dia-a-dia, meio rápido, quase só um “oi” e “qual o seu nome?”, mas o suficiente para que eu ficasse com sorrisinho bobo e me decidisse a buscar mais informações sobre ela.
A breve investigação terminou da melhor maneira possível. Descobri que ela tinha um nível cultural bacana, estudava e trabalhava, não era de dar vexames por aí, era fã da mesma banda que eu e, o principal, estava solteira há um tempo. Quando a vi pela segunda vez, andando com uma amiga pela rua, meu coração disparou e só consegui esboçar um cumprimento formal, meio sem jeito. Ela riu e continuou a caminhada e eu parei a minha, observando o quão doce era aquele andar. Tive certeza de que a gente se daria muito bem.
Criei coragem, procurei a garota e a adicionei numa dessas redes sociais, mandando um recadinho simpático. Ela respondeu e eu escrevi outra vez qualquer coisa. Pronto, em questão de semanas, já nos falávamos quase diariamente pela internet e eu já tinha o número do celular dela. Pensei mil vezes antes de escrever o primeiro SMS quando vi algo que me lembrou ela. Foram torturantes três minutos de angústia até eu receber a resposta, dizendo que ela havia adorado a associação. Foi a deixa para, mais tarde, convidá-la para sair comigo.
Escolhi um bar que achei tudo a ver com a ocasião – área nobre da cidade, bem frequentado. Busquei-a em casa, elogiei a roupa e o cabelo. Sentamos lado a lado, em uma mesa mais ao fundo, longe da luz principal. A porção não demorou a chegar, bebíamos a quarta garrafa de cerveja, já havíamos contado nossas vidas, falado bem da nossa banda preferida e mal dos nossos chefes. Ríamos muito. Foi quando eu decidi que aquela era a hora certa: puxei a cadeira dela para mais perto da minha. Nesse simples gesto, pensava dar um grande passo no início de um relacionamento duradouro. Elevar a intimidade do casal. Sentir mais forte o cheiro e a respiração. Quem sabe adiantar o primeiro beijo, guardado para a despedida da noite. E, talvez por considerar tão significativa aquela literal aproximação, puxei com força demais. Ela caiu. De costas no chão.
O barulho espatifado roubou a atenção de todos à volta. Sem graça, ela não sabia se ria ou chorava, se tentava levantar-se ou se ficava por ali mesmo para não passar ainda mais vergonha em pé, aos olhos do bar. Eu, em estado de choque, não consegui me mexer. Abaixei a cabeça sobre a mesa e, em um segundo, fiquei rosa, vermelho, lilás e roxo, em rápida mudança de coloração que acusa ao indivíduo ter exata ciência do tamanho da besteira recém-feita. Um cara da mesa ao lado, que tomava cerveja tranquilo com dois amigos, ajudou a moça a se por de pé. Ainda o ouvi perguntando a ela se estava tudo bem. Claro que estava tudo péssimo.
Pedi a conta e pedi desculpas. Um monte de desculpas. Ela disse que estava tudo bem, para eu não me preocupar. Fomos embora e o caminho até a casa dela presenciou o mais constrangedor dos silêncios. Um “tchau, a gente se vê”, “é”, foi o último diálogo da noite. No outro dia, ela já não era mais amiga na rede social e nunca respondeu minha mensagem no celular perguntando se ainda estava brava comigo. E eu, eu ainda acho que tinha tudo para dar certo.
Sim, eu era o cara da mesa ao lado. Só que com um pouquinho de imaginação.
A breve investigação terminou da melhor maneira possível. Descobri que ela tinha um nível cultural bacana, estudava e trabalhava, não era de dar vexames por aí, era fã da mesma banda que eu e, o principal, estava solteira há um tempo. Quando a vi pela segunda vez, andando com uma amiga pela rua, meu coração disparou e só consegui esboçar um cumprimento formal, meio sem jeito. Ela riu e continuou a caminhada e eu parei a minha, observando o quão doce era aquele andar. Tive certeza de que a gente se daria muito bem.
Criei coragem, procurei a garota e a adicionei numa dessas redes sociais, mandando um recadinho simpático. Ela respondeu e eu escrevi outra vez qualquer coisa. Pronto, em questão de semanas, já nos falávamos quase diariamente pela internet e eu já tinha o número do celular dela. Pensei mil vezes antes de escrever o primeiro SMS quando vi algo que me lembrou ela. Foram torturantes três minutos de angústia até eu receber a resposta, dizendo que ela havia adorado a associação. Foi a deixa para, mais tarde, convidá-la para sair comigo.
Escolhi um bar que achei tudo a ver com a ocasião – área nobre da cidade, bem frequentado. Busquei-a em casa, elogiei a roupa e o cabelo. Sentamos lado a lado, em uma mesa mais ao fundo, longe da luz principal. A porção não demorou a chegar, bebíamos a quarta garrafa de cerveja, já havíamos contado nossas vidas, falado bem da nossa banda preferida e mal dos nossos chefes. Ríamos muito. Foi quando eu decidi que aquela era a hora certa: puxei a cadeira dela para mais perto da minha. Nesse simples gesto, pensava dar um grande passo no início de um relacionamento duradouro. Elevar a intimidade do casal. Sentir mais forte o cheiro e a respiração. Quem sabe adiantar o primeiro beijo, guardado para a despedida da noite. E, talvez por considerar tão significativa aquela literal aproximação, puxei com força demais. Ela caiu. De costas no chão.
O barulho espatifado roubou a atenção de todos à volta. Sem graça, ela não sabia se ria ou chorava, se tentava levantar-se ou se ficava por ali mesmo para não passar ainda mais vergonha em pé, aos olhos do bar. Eu, em estado de choque, não consegui me mexer. Abaixei a cabeça sobre a mesa e, em um segundo, fiquei rosa, vermelho, lilás e roxo, em rápida mudança de coloração que acusa ao indivíduo ter exata ciência do tamanho da besteira recém-feita. Um cara da mesa ao lado, que tomava cerveja tranquilo com dois amigos, ajudou a moça a se por de pé. Ainda o ouvi perguntando a ela se estava tudo bem. Claro que estava tudo péssimo.
Pedi a conta e pedi desculpas. Um monte de desculpas. Ela disse que estava tudo bem, para eu não me preocupar. Fomos embora e o caminho até a casa dela presenciou o mais constrangedor dos silêncios. Um “tchau, a gente se vê”, “é”, foi o último diálogo da noite. No outro dia, ela já não era mais amiga na rede social e nunca respondeu minha mensagem no celular perguntando se ainda estava brava comigo. E eu, eu ainda acho que tinha tudo para dar certo.
Sim, eu era o cara da mesa ao lado. Só que com um pouquinho de imaginação.
5 comentários:
vc pegou o telefone dela?
HAHAHAHAHA!
fantástico,ulisses!
Isso lembra o cara que eu vi na saída do metrô no meu bairro tentando fazer uma surpresa pra garota batendo no ombro dela. Ela tomou um susto tão grande que caiu na calçada, rolou pra pista e quase foi atropelada. Complicado.
Muito bom! hahaha
A rede social em questão era o Badoo? Porque se era, aí sim eu acho que tinha tudo para dar certo.
Postar um comentário