terça-feira, 24 de abril de 2012

Atrás de um caminhão


No princípio da noite de sexta-feira, Maurício Júnior preparava-se para a balada, que prometia. O abadá estava separado, sobre a cama. A expectativa era das melhores. Mauricinho havia intensificado os treinos na academia nas últimas semanas e passado a tarde daquele dia exercitando bíceps e ombros. 

O rapaz tirou a barba com um Mach 3 Turbo para não ter erro e perfumou-se com uma fragrância importada. Montou um moicano com gel. Vestiu a bermuda e calçou os tênis novos. O celular tocou, eram os amigos informando que já estavam na porta. Pegou as chaves do carro e uma garrafa de Absolut – o camarote teria bebidas liberadas, mas o caminho até lá seria regado a vodca e energéticos. Partiu confiante para a micareta e, assim, perdeu as contas de com quantas garotas ficou.

Roberto Júnior nem esperava ir à tal festa. Ele não dava a mínima para shows de axé, não era a onda dele. Acontece que justo no dia recebeu de volta uma grana que tinha emprestado para um amigo há um tempo e não contava que veria outra vez tão cedo. Decidiu torrá-la e a balada do trio elétrico era aonde todo mundo iria no dia. Comprou um ingresso de pista mesmo, o mais barato.

Betinho nunca entrou em uma academia. Não estava exatamente no peso ideal. Em casa, tomou banho rápido e foi. Não fez a barba e passou um desodorante desses de supermercado. Encheu a cara de cerveja e foi de ônibus, cantando umas músicas que não conhecia direito e batucando nas paredes com uma galera que nunca havia visto. Partiu confiante para a micareta e, assim, perdeu as contas de com quantas garotas ficou.



Maurício e Roberto não se conhecem. Mas talvez naquela noite tenham interagido um com o outro, indiretamente, muito mais do que imaginam.

Um comentário:

Cláudia Cavalcanti disse...

Já disse antes, vou dizer outra vez. Leio tudo quanto é blog que consigo encontrar na internet. Além de blogueira, sou curiosa, muito curiosa! E seus textos, mais e mais me cativam. Viajo na leitura. Praticamente assisti à jornada dos dois jovens, rumo à micareta. Gostei do final repentino, achei repentino. Algo bem ao estilo que também escrevo ( modéstia às favas..rs).
Parabéns de novo!
Beijo