Eu gosto de ambientes universitários. Não, não me refiro às atuais baladas de sertanejo, mas de fato aos espaços acadêmicos de trocas de conhecimentos. Também não falo especificamente das salas de aula, até porque sou meio crítico do sistema de educação como ele é, mas isso é papo pra outra hora. São os ambientes de uma forma geral que me inspiram.
As faculdades são espaços de compartilhamento de saberes, de vivências. São lugares povoados por pessoas de diferentes cantos, várias culturas, muitas experiências e, pelo menos se espera, com vontade de chegar um pouco mais longe na vida. Assim, na fala do professor, na biblioteca, no trabalho em grupo de dez pessoas ou no café com pão-de-queijo, as pessoas oferecem um pouco de si, transmitem a outras parte do que são e talvez terminem de formar suas personalidades.
Isso porque ainda não foi mencionada aqui a melhor parte: conhecer pessoas. Todo mundo conhece grandes amigos e amores entre livros, provas e calouradas.
E é por essas e outras que eu fiquei feliz quando descobri que a universidade pertinho da minha casa tem uma academia aberta à comunidade. Já estava mesmo à procura de uma, para não ficar no sedentarismo total, e essa, além de preço bastante acessível, me permitiria estar outra vez próximo ao universo do saber. Eu andava meio afastado desse mundo desde que concluí a pós-graduação.
Agora lá estou eu, a me exercitar e dividir halteres com jovens universitários, professores e servidores. Sempre dou uma olhada no quadro de avisos para me inteirar do que acontece no dia-a-dia dos acadêmicos. É aquilo: seminários, palestras, torneios esportivos. Tudo nos conformes e eu me sentindo realizado, sou de novo um deles.
Fora que eu achava que eu me passava perfeitamente por um dos graduandos. A sensação era muito boa, tipo uma juventude estendida.
Até uma manhã em que, saindo da academia, fui interpelado por um sujeito. Ele me abordou na reta, de forma bem natural. Eu de luvinhas nas mãos, regata e rosto suado. Fui questionado:
- Opa! Você é professor de Geografia?
Eu? De Geografia, cara? Não, não sou. Nem de Geografia nem de nada. Talvez um dia possa até ser. Mas não sou. Nem tenho cara de professor, sai fora. O lance é que eu voltei para casa chateado, não estava preparado para isso. Acho que vou procurar outra academia.
3 comentários:
Kkkk... Eh vovô, o segredo da juventude tá nos deixando na mão... Geografia??? Só se for pra ver e falar dos lugares que conheceu, aí sim...
É meu parceiro quantas vezes já te disse que essa barba lhe envelhece ... aposto que se estivesse sem ela seria no máximo confundido com um monitor de geografia ... hehehehehehe ...
Boa, velho Didi. Liga pra esses caras não.
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