terça-feira, 9 de setembro de 2008

Saudades de um cara 2

Parceiros são parceiros, para qualquer ocasião. Sempre dispostos a estender a mão quando requeridos, sem mensurar esforços. Assim, o brilho do sucesso de um reflete no outro. Algumas duplas fizeram histórias de companheirismo e marcaram época juntos, como He-Man e She-ha, Claudinho e Buchecha, Diego e Robinho e Issoqueeufalei e Blog do Cano.


Ao ser convocado a participar do projeto Saudades de um cara, o jornalista Matheus Espíndola não hesitou e, de cara, detalhou, brilhantemente, a trajetória de vida de outro grande camarada: .


Por Matheus Espíndola


A princípio, seria um cara genérico, como tantos outros. Moreno beirando o preto, óculos e cabelos crespos. Até aí nada demais. Mas eis que no momento da sua gênese, surge uma inovação em termos de formato humano. O criador enunciou: “Como uma estrela, evidenciar-lhe-ei os cinco membros. E será o homem-elástico. Seu crescimento nunca se findará”. Assim ele foi sintetizado, e ficou conhecido como Ré.


No dia em que um pé pisou o assoalho do Eucalipto e, dois metros e meio atrasado, chegou seu respectivo joelho sem pêlos, a multidão se perguntava: “Quem será esse viadinho que nos pede abrigo?” A resposta veio dirigida a uma donzela, desejosa de chamas para acender o seu cigarro. “Sou o Ré. E tenho fogo” — disparou, completando com uma cusparada de fumaça ao ar. Foi assim que tal sujeito começou a entrar para o seleto hall dos melhores caras do mundo.


Encontrou na inacreditável admiração por seu amigo de infância Didi o passaporte para se firmar na turma de COM 2004 e, por incrível que possa parecer, tornou-se um cara indispensável. Defensor árduo dos homossexuais, dos homofóbicos e dos ateus, Ré mostrou, por meio de argumentos firmes, ser sempre um cara muito convicto em suas posições.


No entanto, sua principal contribuição veio por meio da disseminação de uma arte na qual era mestre — batizada de “reginaldisse”, em sua homenagem. Tal dom consiste em fazer exatamente aquele comentário inconveniente. A sentença que não deve ser dita, em hipótese alguma, nesse determinado momento, justamente a essa pessoa. E essa foi sua consagração!


Vez por outra era visto sentado em sua cadeirinha de balanço, jogando dominó na sacada de seu apartamento distante, fumando. Às vezes, lá do alto, ele lançava seus braços elásticos, só para cutucar os amigos e dizer qualquer coisa com sua voz equalizada no grave. A frase sempre começava assim: “Hein, caaara...”


Detentor de braços ilimitados, Ré abraçou toda a turma, de uma só vez — e se quisesse, seria capaz de abraçar o mundo. Um companheiro de todas as horas, ou melhor, de “todos os dias”. Aliás, muito ele lamentou, em vão, por ser zoado pelos amigos “todos os dias”. Não havia mal em zoar. O problema é que isso acontecia “todos os dias.”. Agora fica a saudade, pois só temos esse amigo de vez em quando. E como queríamos que ainda fosse “todos os dias”...!


Isso que eu falei.

2 comentários:

Régis André disse...

cabelos crespos é sacanagem! hahaha

Gostei pra caraio...

Régis André disse...

Pera ai! Bichinha? Ai já demais!