quinta-feira, 4 de setembro de 2008

Saudades de um cara

Inauguro agora esta seção que é mais um antigo sonho utópico a se tornar realidade. Saudades de um cara é um projeto que, desde a derradeira separação entre meu passado e presente profissional, penso em colocar em prática.


Aqui recordarei minhas impressões sobre grandes ícones do meu passado recente. O que vivemos, o que mais marcou. Desde célebres semi-desconhecidos a grandes parceiros. Serão mini-biografias, que, espero, suscitem lembranças nas mentes e corações de muitos. Sintam-se à vontade para complementá-las. Para começar, o maior símbolo de toda uma geração: Paulo Dimas de Oliveira.



— Paulo Dimas...?

— de Oliveira!


A apresentação não deixa dúvidas: ele quer dialogar. Fala fácil, vocábulos eruditos e tom de voz seguro e ao mesmo tempo maleável. Esse é Paulo Dimas de Oliveira, ilustre cidadão viçosense, aventureiro das madrugadas. O sorriso é tão largo e espontâneo que a ausência da arcada dentária superior esquerda quase passa batida. Quando consegue articular um raciocínio, Paulo Dimas é uma figura de excelente troca de idéias. Mesmo quando suas respostas não têm, absolutamente, qualquer relação com as perguntas que lhe são oferecidas.


Amante da música, vive cantarolando sucessos de décadas passadas. Ganhou, assim, a alcunha de Paulo Ricardo. “Mas Paulo Ricardo é um homem alto”, observa, a contragosto. As letras das canções não seguem a rigidez de quando foram escritas e um verso ou outro é suprimido em prol de uma cadência mais intensa. Paulo aprecia o rock brasileiro e a MPB. É mesmo um rapaz latino-americano. Só não tem uma música preferida, tem “várias”.


Por onde passa, encanta a todos com sua doçura e inocência. “Me dá cinqüenta centavos?” “Para quê, Paulo?” “Para comprar cachaça”. “Não tenho...” “Ummmm. E um real?” Às vezes, bem de vez em quando, é tomado por um súbito desejo incontrolável de se apossar da bebida alheia. Mas o que ele não aceita mesmo é o desperdício: se um restinho de líquido sobrou e está dando sopa, chama o Paulo que ele o liquida.


Paulo Dimas de Oliveira tem uma história de vida interessante. Estudou Química, Medicina, várias ciências. Jogou muita bola pros lados do Novo Silvestre – de médio-volante, camisa cinco. Construiu obras, desde que os materiais chegassem, claro. Quando não, aguardava-os com um rolé pela Universidade, de bobeira, esperando-os pacientemente.


A maior paixão de Paulo Ricardo chama-se Crube Atrético Mineiro. Mas o Galo divide o coração de Paulo Dimas com o Framengo, o São Paulo e o Grêmio – um amor em cada canto do país. Fora do Brasil, Paulo gosta só da Roma.


Paulo Ricardo é mais entre tantos cidadãos mineiros, católicos, que saem às noites à procura de um pouco de diversão. Mas ele é um pouco mais que isso: é uma prova de que a felicidade pode ser encontrada nas coisas simples da vida. Vida que ele segue, sendo expulso de um boteco aqui, fazendo amigos que amanhã não vai recordar o nome ali ou só entoando uma doce serenata pelas calçadas para quem quiser parar e contemplar. Ensinando a viver.


Isso que eu falei.

Um comentário:

Ulisses Vasconcellos disse...

Sem esquecer do lendário programa piloto do Café com Paulo.

Parte 1:
http://br.youtube.com/watch?v=E4WsKrKKmiY

Parte 2:
http://br.youtube.com/watch?v=eY4rwGQNFsU