segunda-feira, 5 de dezembro de 2011

Como o Corinthians venceu o melhor Brasileiro da história


Quando o juiz apitou o final do clássico entre Vasco e Flamengo, no Rio de Janeiro, o Pacaembu, em São Paulo, foi tomado por uma explosão de alegria. O Corinthians já era campeão brasileiro, acontecesse o que acontecesse. O principal troféu do futebol brasileiro voltou a ser corinthiano depois de seis anos, no campeonato mais disputado de todos os tempos.

O páreo entre Corinthians e Vasco foi sensacional. O time da Colina deu uma lição de profissionalismo a todos os outros ao, mesmo campeão da Copa do Brasil e garantido na Libertadores da América do próximo ano, lutar até o fim pelos títulos da Sulmericana e do Brasileirão. Ao contrário do que fizeram, por exemplo, o próprio Corinthians e o Santos nos dois últimos anos.

O Vasco tem um novo ídolo: o craque zagueiro Dedé. Diferenciado, defende, arma, faz gols. Já é um mito entre os cruzmaltinos e parte do crédito pelo excelente ano da equipe pode ser depositada na conta dele. E o time da faixa diagonal apostou em uma combinação sempre eficaz: juventude e experiência. Dois dos maiores ídolos da história estão de volta e jogando muita bola. Parabéns Juninho e Felipe, pelo físico, técnica e dedicação. E o elenco fechado para tentar dar o título ao treinador Ricardo Gomes foi demais.

O Corinthians montou um time pra ser campeão. Aliás, um não, dois. E aí é que foi feita a diferença. Em um campeonato longo, com 38 rodadas, o mais importante é ter grupo. A base é forte: Júlio César, Alessandro, Paulo André, Leandro Castán, Fábio Santos, Ralf, Paulinho, Alex, Emerson, Willian e Liédson. Mas, se precisar, vai de Danilo Fernandes, Welder, Chicão, Wallace, Ramon, Ramirez, Edenílson, Danilo, Morais, Jorge Henrique e Adriano. As peças de reposição são, em geral, de qualidade e deram conta do recado. Foi a vitória da coletividade. E a torcida, como sempre, fez o que cabe a ela: apoio irrestrito e incondicional.

Outro ponto importante foi manter o técnico Tite, que nunca esteve de bem com a torcida. Com a eliminação prematura na Libertadores, todos queriam a cabeça do comandante, mas a diretoria acertou em confiar no trabalho dele e deixar que ele montasse seu time. Em pouco tempo, o Corinthians chegou à final do Paulista, ainda com o time em formação, e viu o título ficar com o excelente Santos. O Santos que foi coadjuvante neste Brasileiro e só não passou despercebido porque o Neymar foi genial e, quando não estava convocado, estava em campo dando show Brasil afora.

A campanha do Fluminense foi bonita e o Fred é o cara. O Flamengo até que tentou bater de frente com os líderes, mas o time, como um todo, é limitado e depende dos lampejos de genialidade do Ronaldinho Gaúcho e Thiago Neves. O problema que o Flamengo fez festa para o Ronaldinho do Barcelona, mas trouxe mesmo o Ronaldinho do Milan. Altos e baixos, mas ainda assim fora de série. Só não o suficiente para carregar o grupo. O Inter tem time pra fazer mais do que fez. E, apesar do gosto amargo no final, São Paulo e Botafogo montaram boas equipes, mas pecaram demais dentro e fora de campo. O Figueirense não conseguiu nada, mas saiu por cima.

Do Palmeiras e do Grêmio há tempos não se espera muita coisa. O Atlético Mineiro outra vez teve como título a permanência na Série A. A vergonha do Brasileirão 2011 foi o Cruzeiro, com uma campanha pífia. De melhor time do país no começo do ano a virtual rebaixado nas últimas rodadas, fez muito feio. É hora de uma faxina geral na Toca da Raposa. De cima pra baixo.

“Como o Corinthians venceu o melhor Brasileiro da história” é, na verdade, a manchete de uma revista Placar do final de 1999, ano em que o troféu também terminou no Parque São Jorge. Mas a edição de 2011 foi, incomparavelmente, melhor. Disputa acirradíssima, times fortes e rodadas emocionantes. Oscilações na tabela todo o tempo. Em campo, desfile de craques como Dedé e Neymar, Ralf e Ronaldinho, Fred e Lucas, Leandro Damião, Loco Abreu e Montillo.

Para o Corinthians, foi especial. Montou um time pra ser campeão e foi. Com todos os méritos, brigando pela ponta do começo ao fim. Mas infelizmente o saldo do domingo é negativo para a nação alvinegra. O Corinthians tem uma taça a mais e um ídolo a menos. Um mito tão vencedor foi derrotado de vez pelo álcool. Esse jamais será esquecido. Punho direito cerrado erguido eternamente dentro dos nossos corações.

Descanse em paz, Doutor Sócrates.

Um comentário:

ThiagoFC disse...

Pela primeira vez, em muito tempo, um título corinthiano que ninguém se atreve a contestar, montando teorias conspiratórias envolvendo arbitragem. É um alívio não ter que ouvir esse tipo de bobagens de novo.

Foi o título da coletividade. Foi o título de um time que muitos dizem não ter craques, leitura da qual discordo: Liédson e Alex são craques, mas as individualidades têm pouco espaço nesse time, nesse elenco. Ser um título de todos, e não de uns, é também uma forma de homenagear o engajado e democrata Sócrates.