sábado, 3 de julho de 2010

Histórias que a bola não contou – Parte III

30 de junho de 2002: Termina o primeiro tempo no International Stadium Yokohama em 0 x 0. Brasil e Alemanha estão empatados em seu primeiro confronto em uma Copa do Mundo, já decidindo um título. O time da Família Scolari está ligeiramente melhor, mas não se considera favorito, pois, como sentenciara o poeta-locutor Galvão Bueno a Alemanha é um time que quando joga bem, ganha, e quando joga mal, ganha. As esperanças verde-amarelas estão nas chuteiras de Ronaldo, herói do tetra em 1998, e que parece ter ressurgido para calar os incrédulos após outra lesão. Os germânicos apostam no faro de gol do matador Klose.

O jogo não é só dos centroavantes. Os guarda-metas Oliver Kahn e Marcos também são astros de suas constelações e, com atuações sobrenaturais, fecham seus gols contra as investidas do ataque adversário. Enquanto Marcos tem trabalho com Klose e Neuville, Kahn se desdobra para segurar o trio de erres que quase leva Galvão à loucura: Ronaldo, Ronaldinho e Rivado.

Os anfitriões japoneses dividem-se entre os fanáticos pela magia do futebol brasileiro e os adoradores da eficiência alemã. O estádio está um caldeirão. O segundo tempo recomeça.

Ronaldo tenta a arrancada, Ronaldinho a jogada de drible curto e Rivaldo o chute de longa distância. Roberto Carlos com as bolas paradas. Nem pensamento passa pelo goleirão alemão com cara de mau. O Brasil pressiona por 22 minutos, sem sucesso. E a velha máxima entra em cena: quem não faz... tem que tomar.

No contra-ataque, em um forte chute, Klose vence Marcos e abre o placar. Os gélidos germânicos se abraçam e já se reposicionam. Muda a estratégia, hora de segurar a pressão canarinha. Aos 34, o jogo ganha números finais. O artilheiro europeu recebe de Schneider e amplia: dois da Alemanha, dois de Klose, que se torna assim, isolado, o maior marcador de gols primeira Copa do novo milênio.


Com o apito final, o Brasil chora e volta a sentir a decepção de perder uma final após oito anos. Felipão é impiedosamente criticado por ter apostado em um Ronaldo sem condições de jogo e fora de forma e ter preterido Romário, o maior atacante em atividade no país. O treinador gaúcho é acusado de impedir o Baixinho de participar de seu último Mundial. A imprensa esportiva brasileira noticia o que o país inteiro já sabia: o esquema 3-5-2 jamais daria certo por aqui. Marcos perde a santidade e, mesmo com o título de melhor jogador da competição, recebido na véspera da final, deixa a Seleção pela porta dos fundos.

Os alemães celebram seu tetra com cerveja e salsichão. Tem início por todo o Extremo Oriente um movimento conhecido por germanomania – os japoneses puxam a fila e, como tradicionais puxa-sacos, pintam os cabelos de loiro, usam lentes azuis e camisas brancas da máquina de jogar futebol com quatro estrelas. Os nipônicos nascidos recebem nomes complicados alemães. O estádio da final é batizado de Arena Miroslav Klose. Para eles, a primeira Copa da Ásia foi um sucesso.


4 comentários:

ThiagoFC disse...

nglEu tô preocupado com o Klose, e isso não é uma história de ficção.

João disse...

Eu gosto do futebol do Miro. Atacante raçudo com cara de bobão é algo a se respeitar.

ThiagoFC disse...

Esqueci de comentar: achei q a parte 3 seria sobre a final de 2006, alterando o final para a França campeã e o Zidane como herói (desta forma, mesmo alterando os resultados das finais de 94, 98 e 06, teríamos o Brasil pentacampeão, a Itália tetra e a França com um título).

Ulisses Vasconcellos disse...

Nem pensei em ser tão racional assim.

Só tô seguindo o rumo "natural" das coisas.