quinta-feira, 8 de setembro de 2011

Prestativo


Já beirava as dez da noite e ele precisava se apressar ou perderia a hora. Tinha acabado o banho, usado desodorante e borrifado perfume bom. Aos assovios de uma canção popular, tentava se decidir entre a camisa polo ou a listrada. Sentia que a noite seria diferente.

A tarde tinha sido de preparação. Ele ocupou o pen-drive com o melhor da música romântica, de vários estilos. O que quer que a companhia preferisse ouvir, a opção estaria lá, à mão. Levou o carro para lavar e pediu pra passarem aquele produto que deixa com cheiro de novo. Passou pano no sapatênis e tirou a barba. Comprou preservativos aromatizados.

Ele não tinha conseguido entrar pra uma universidade. Trabalhava desde cedo e não tinha como dedicar-se aos estudos pra conseguir aprovação numa instituição pública. Também não tinha condições de pagar por uma particular. Mas isso não interferia na decisão que havia tomado de que sua próxima namorada seria uma universitária.

E assim eram seus dias. Quando chegava a hora da aula na faculdade acabar, ele passava devagar de carro no ponto de carona, como quem não quer nada, e levava uma mocinha em casa. Era prestativo e engraçado, bom de papo. O plano ainda não tinha rendido muita coisa, mas uma hora iria dar certo. Ele sabia que iria.

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