domingo, 5 de setembro de 2010

Crônica bancária 2


Na mesa de atendimento ao público do banco, duas irmãs jogam conversa fora enquanto o funcionário pesquisa alguma informação necessária no sistema. Concentrado na tela, ele ouvira, entrando por um ouvido e saindo por outro, que uma delas morava na Itália e o dia de partir para a Europa se aproximava. Até rolava um sotaque meio brasiliano.

Elas aparentam uns trinta e poucos anos. O diálogo continua. A que parece um pouco mais velha fala mais e está bem mais arrumada, cheia de joias. É a que mora fora. Ela mexe na bolsa, tira um aparelho e o põe sobre a mesa. Diz para a irmã:

- Eu vou deixar este celular com você. Quando eu te ligar, aperta esse botão aqui que ele liga a câmera interna e eu vou poder te ver. Quer dizer... nem sei se no Brasil já tem essa tecnologia.

- Acho que tem sim, não sei.

- É muito bom. Só converso com minhas amigas lá na Itália vendo elas. O ruim é quando meu marido me liga e eu tô no motel, que eu tenho que ficar virando a tela pra parede pra ele não ver onde eu tô. Aí é complicado.

Como que por um choque elétrico, a concentração do funcionário desaparece instantaneamente. Uma risada contida de canto de boca ganha força e se transforma em uma gargalhada, daquelas de abaixar a cabeça para aproveitar o riso.

A cliente, claro, percebe e inesperadamente estende o assunto ao bancário.

- Não tô certa? Tenho que tomar cuidado.

Está. Certíssima. Pelo visto, viver no terceiro mundo ainda tem lá suas vantagens.

4 comentários:

João disse...

Gostei foi da naturalidade do diálogo. Banco é isso, um grande aprendizado sobre assuntos não-bancários.

ThiagoFC disse...

Cara, trabalhar em banco parece ser mó divertido...

Viviane disse...

Essa conversa foi boa mesmo! Imagino as outras que vc está ouvindo por aí! Seria difícil pra mim manter a discrição!rs

Matheus Espíndola disse...

hahahaha!!! Safada!