quinta-feira, 30 de abril de 2009

O feriado perfeito


Depois de tanto tempo de espera, chegara o feriado perfeito. Numa sexta-feira, o primeiro assim desde que se formara, começara a trabalhar e mudara-se para longe. Parecia que este dia nunca chegaria. Emendaria a noite de quinta à tarde de domingo. Hora de colocar em prática os mais silenciosos planos.

Estava decidido: tudo se sucederia como fora minuciosamente arquitetado. Chegou do trabalho sem conseguir disfarçar o risinho malicioso de canto de boca. Tomou um longo banho relaxante e se alimentou — precisaria de forças se quisesse mesmo cumprir o que prometera a si mesmo.

Desde que fora morar sozinho no novo lar — um apartamento pequeno, quarto-e-sala, mas aconchegante — era o primeiro feriado em que não viajaria. Tudo que pensava é que não teria pai, mãe, nem ninguém a lhe cobrar explicações no outro dia. Lembrou-se da namorada, em outra cidade, e parou por um instante. O pensamento voou. Seguiu em frente, já estava decidido. Constatou com especial prazer que, caso fosse dormir já sob os primeiros raios de Sol, ninguém jamais saberia. Sentiu-se adulto. Sentiu-se homem.

Escolheu o traje que lhe cairia melhor para a ocasião — o que ele imaginara durante todo o dia. Releu a mensagem de celular recebida da namorada, anunciando que estaria com as amigas em um bar comemorando o aniversário de uma delas. Melhor assim.

Quase tudo pronto. Faltava apenas abrir uma cerveja para encorajar-se de vez. Abriu. Caminhou, a passos lentos, com a lata na mão até o destino almejado. Só de cuecas boxer, sentou-se na cama, desenrolou o fio do controle e ligou o videogame, enquanto selecionava o Winning Eleven. Venceria a liga, custasse o que custasse.

terça-feira, 28 de abril de 2009

Saudades de um cara 10

Olney Júnior

Imagem meramente ilustrativa

Após aprovação no vestibular e consquente mudança para uma cidade desconhecida, a vida muda muito. Uma das principais alterações é, para quase todo mudo, acostumar-se outra vez ao mundo offline. Viver sem conexão na modernidade é um pesadelo. Mas, depois de alguns dias de calouro, em Viçosa, descobre-se que a instituição possui laboratório de informática, com internet. O temor de ser esquecido pelos velhos amigos diminui e, onde menos se imagina, pode estar uma das primeiras grandes figuras a cruzar o caminho do pequeno careca.

Na UFV os alunos dos cursos do Centro de Ciências Humanas acessam a grande rede no laboratório do CCH. Mais que internet rápida e o primeiro contato com o ignoto pinguinzinho do Linux, encontram um jovem magrelo, sempre de óculos, com dentes descompassados envoltos em sorriso agradável e falando sem parar. Olney Júnior é um dos responsáveis pelo espaço desde o tempo em que ainda se podia acessar o Orkut e entrar livremente no MSN para rever, virtualmente, aquela paquera do ensino médio. É ele quem ouve todos os dias dos estudantes que esqueceram, pela última vez, a carteirinha universitária para depois permitir o acesso aos equipamentos, jurando ser a última vez nestas condições.

Olney conhece apenas uma frase para saudar quem chega, despedir-se de quem se vai ou desenvolver qualquer assunto: “E o Galo?!”. É, a paixão deste rapaz pelo Clube Atlético Mineiro é algo louvável, mas um tanto estranha. Não importa o tema discutido, lá vem ele com o tal Galo de novo. Aos poucos que se prestam a debater futebol com ele, Olney não faz qualquer cerimônia para despejar enxurrada de argumentos completamente infundados a favor do Atlético. Se receber corda, o diálogo segue tarde adentro...

Quando Olney sente confiança no amigo de laboratório, lança mão de outra conversa fiada. Como quem não quer nada, chama o jovem interlocutor até seu computador. Na tela, mostra uma modelo europeia siliconada, seminua, em mínimos trajes sensuais. Ele afirma ser uma amiga, que não sai do seu pé e pede uma opinião acerca de que atitude deve tomar. E Olney não é, por assim dizer, um exemplo de rara beleza por trás de lentes.

Olney Júnior sente-se tão conquistador que configurou seu MSN como juninhogostosao9@hotmail.com — provavelmente outros oito júniors tiveram a mesma ideia. Mas fica aqui um conselho: não o adicione, ou, mantenha-o bloqueado. Caso contrário, certamente todas as vezes em que acessar o programa, uma janelinha aparecerá com os dizeres: “juninhogostosao9@hotmail.com diz: E o Galo, heim?!”. É Olney, o Galo...

segunda-feira, 27 de abril de 2009

Jornal Nacional

Reportagem de William Bonner no Jornal Nacional de segunda-feira, 27 de abril de 2009. Um dia após Ronaldo assinar dois golaços contra o Santos na Vila Belmiro.



Boa, Bonner!

Boa, Ronaldo!

domingo, 26 de abril de 2009

A alegria voltou


A alegria de assistir futebol voltou. O Brasil tem, de novo, um excelente motivo para ligar a televisão no domingo e grudar os olhos na tela. A felicidade atende por uma letra e um número: R9, ou, se preferir, pode chamar de Ronaldo, o Fenômeno.

Para quem ainda duvidava do que ele pudesse fazer, marcou o primeiro gol com a camisa corinthiana sobre o Palmeiras, assinou o tento que eliminou o São Paulo do Paulista e anotou mais dois contra o Santos. No duelo contra o Peixe, o único a ameaçar ofuscar a tarde do Fenômeno foi o lateral Triguinho, autor do gol de honra do time do litoral. Por conta disto, foi impiedosamente castigado, com um corte de letra e um lugar no camarote do salão em que Ronaldo apresentava sua mais nova obra-prima. Gol de placa na Vila, uma pintura para a história. Daquelas que a gente não sabe se vibra, grita, xinga ou chora. Fica bobo.

O que todos estes lances têm em comum? O sorriso aberto, registro do prazer de quem sabe o que faz e faz o que gosta. E que dá gosto de contemplar.

Ronaldo — ao lado de Romário o maior centroavante da história do futebol — joga no Brasil. Sorte dos brasileiros. Numa soma simples, quando a alegria do craque encontra a tradicional e intocada euforia de ser corinthiano, a soma sempre é gol. Gol de Ronaldo, gol do Corinthians, gol do Brasil. Gol da alegria.

A todos que insistiram em minimizar o valor do gênio, é hora de reconhecer que não há mais o que contestar. Ligue a TV, se puder vá ao estádio e, depois de tanto tempo, veja com seus próprios olhos como um craque trata a bola. Enquanto Ronaldo — trajado de branco e negro — escreve mais um capítulo da sua invejável história, caminha, a passos largos, para garantir seu lugar na concorrida galeria dos heróis corinthianos. Lá, Neco, Rivellino, Sócrates, seu xará goleiro, Neto e Marcelinho o aguardam. Com um sorriso nos lábios do tamanho do mundo.

quinta-feira, 23 de abril de 2009

Saudades de um cara 9

Saponáceo da Farmácia


Por Matheus Espíndola

A representação humana consagrada para se retratar os anjos, não sei por qual razão, é aquele menininho loiro, de cachinhos, olhos azuis e auréola sobre a cabeça. Pois ao final da avenida PH Rolfs, no interior de um templo divino em forma de farmácia, vive uma figura angelical quase exatamente igual à supracitada — ele mede dois metros de altura.

Uma vez que Viçosa é uma cidade repleta de jovens recém-saídos das asas das mães e que não sabem se virar sozinhos, nada mais corriqueiro do que contrair uma gripe brava, uma mão mutilada ou uma tuberculosezinha. Em quaisquer desses casos, ele mostrou-se a melhor alternativa a quem se recorrer. Por isso, recebeu o apodo de “Saponáceo da Farmácia”.

Para se ter uma ideia de seu método de trabalho, basta imaginar a seguinte situação: Um jovem idiota chega ao balcão do estabelecimento, por exemplo, por assim dizer, com uma micose no saco. Ele está constrangido por causa dessa patologia, mas sabe que o Saponáceo é o único que poderá lhe defender.

“Sabão, tem algo para micose?”

“Posso ver a infecção?”

“Melhor não. É no saco”.

“Pois siga-me até minha sala”.

A tal sala, a bem da verdade, é uma caverna mágica, cheia de mistérios, pirilampos e fadas-madrinhas. Saponáceo, então, evoca alguma santidade, pede inspiração aos deuses da cura, faz uma oração, antes de ordenar às paredes do recinto:

“Abre-te!”

Uma forte luz ofusca as vistas, os tijolos se afastam e do meio deles sai um pequeno embrulho, envolto por plantas e rochas brilhantes, descansando sobre uma almofada árabe azul e dourada.

O Saponáceo abre a embalagem e retira uma caixinha. De dentro dela, uma pomada milagrosa.

“Passe em seu saco”.

Não é preciso nem dizer que, em poucas horas, a pele tem seu aspecto, cor e textura regeneradas. Além de ficar imune, para sempre, de qualquer enfermidade.

Foi mais ou menos assim que o Saponáceo se consagrou. Ele ainda casou-se com uma belíssima moça, com metade de sua altura. Uma linda criança foi gerada, pouco depois.

Ainda hoje, ao se passar por aquele trecho da avenida, é possível ver a linda família de farmacêuticos, rodeada por duendes, borboletas, morcegos e pequenas lacraias, todos trabalhando para promover saúde plena e conforto aos cidadãos!



Nota do editor: em recente visita a Viçosa, tive o prazer de cruzar, em meu caminho, com a família medicinal. Para minha surpresa, o pequeno Saponacinho já se tornou um molecote e corria pela calçada defronte o estabelecimento farmacológico, sob olhares atentos dos pais. E, para minha maior surpresa, a Saponácea carregava nos braços outro Saponacinho, este recém-nascido, sob olhares atentos do poderoso, confiante e orgulhoso Saponáceo.

quarta-feira, 22 de abril de 2009

Carta de uma flamenguista

Cheguei de viagem após o feriado prolongado com algumas ideias para revitalizar o blog. O primeiro assunto, claro, seria a convincente vitória do Corinthians frente ao São Paulo no fim de semana, pela semifinal do Campeonato Paulista.

Esmiuçaria o histórico de confrontos entre os times, em que o Corinthians leva vantagem discrepante ou a relação só com jogos decisivos — em que a diferença a favor do alvinegro é ainda maior. Passaria talvez pela arrogância e prepotência da diretoria tricolor, cada vez mais reconhecida pelos próprios sãopaulinos. Dedicaria uma ou duas piadinhas à desagradável fama que o time do Morumbi carrega.

Mas, antes, acessei meu perfil de site de relacionamentos. Recebi dizeres de uma grande amiga, flamenguista, que fora ao confronto, na arena de batalha, pela primeira vez e acompanhada de tricolores. Mantivemos contato por celular durante a partida. Como eu havia prometido, liguei para ela após o gol do Ronaldo.

Fiquei sem palavras. Nada do que eu pudesse escrever seria tão forte quanto o que se segue.

“Sou encantada pela torcida do seu time”

Por Natália Jael

Foi muito bacana ir ao jogo, lembrei muito de você...

Fiquei ao lado da torcida do Corinthians, mas não tive contato direto com os torcedores, já que a tropa de choque de São Paulo dividiu as ruas entre sãopaulinos e corinthianos. Fiquei muito perto também do campo e do gol onde foram feitos os dois do seu time.

Posso dizer que o Ronaldo é muito mais preto do que parece e que ele ainda está muito gordo mesmo (no final do primeiro tempo ele nem tirou a camisa, como fazem todos os outros jogadores).

É um espetáculo lindo... lindo... lindo e lindo. O que mais me deixou impressionada foi a torcida corinthiana, que não parou de cantar um minuto, mesmo sendo uma minoria de, no máximo, quatro mil torcedores. Estavam sincronizados em tudo, nos cantos, nos aplausos e nos gritos de guerra, fiquei arrepiada quando eles cantaram “A semana inteira fiquei esperando, pra te ver Corinthians, pra te ver jogando...”.

Ao contrário de qualquer outra torcida, os corinthianos não falam o nome de outro time, nem para xingamentos ou ofensas. Enquanto a torcida do São Paulo gritava xingamentos aos torcedores e ao time do Corinthians, os “galinácios” só tinham voz para gritar o nome do time, como se estivessem em um universo paralelo: a torcida e o time, o time e a torcida e mais ninguém. Algo muito bonito de se ver...

Fui embora mais cedo, mesmo porque estava com sãopaulinos nada felizes, mas saí com a certeza de que sou encantada pela torcida do seu time...

Os jogadores têm que se esforçar muito para merecer a torcida que têm.




Gravado num Corinthians X Juventude, em 05/08/08


Vou cantar pro timão ganhar
Vou cantar pro timão ganhar
Porque eu te amo
Eu te quero bem

Vou cantar pro timão ganhar
Vou cantar pro timão ganhar
Porque eu te amo,
Eu te adoro,
Meu amooor!

A semana inteira
Fiquei esperando
Pra te ver Corinthians,
Pra te ver jogando.

Quando a gente ama,
Não mede esforço
Pra te ver jogar
Te ver jogar, te ver jogar.

Não é brincadeira,
Vou vestir meu manto
Manto alvinegro.
Tem que ter respeito,
Amor à camisa,
Vou com o Corinthians
Em qualquer lugar
Qualquer lugar, qualquer lugar

sexta-feira, 17 de abril de 2009

Páginas de um livro bom

Relembrando os sensacionais anos de convivência universitária, o Blog do Cano lançou a série Páginas de um livro bom, da qual, em breve, vou participar.

Vale a pena conferir!

quinta-feira, 16 de abril de 2009

Duplo Twist Carpado

Continuo a série de repercussões da viagem ao Rio de Janeiro e o encontro com meus eternos colegas de faculdade.

Além de boa conversa e da cerveja, também dediquei parte do tempo à pratica de esportes na praia.

Veja a leveza de movimentos, a segurança nas passadas e a precisão cirúrgica deste Duplo Twist Carpado de deixar qualquer Diego Hipólito morto de inveja:



terça-feira, 14 de abril de 2009

Pra história

Meta número 1: colocar a galera no jornal. Cumprida.

Tribuna do Cricaré, terça-feira, 14 de abril de 2009, coluna social.


Optei por usar nomes fictícios, para não chamar muito a atenção.

Quer um exemplar? Me fala que eu guardo.

E vem mais por aí...

segunda-feira, 13 de abril de 2009

O sonho


Acordei meio estranho. Não sabia em que acreditar. Um sonho, marcante, mas parecia tão real.

No mundo mágico da minha mente, nós nos reencontramos. Voltamos a Mangaratiba — eu, Cano, Ferro, Maicou, Afonso, Luiza e Camila e ainda éramos agraciados com as presenças do Lilli, Blau-Blau, Monique e Lívia. Não!, não pode ser verdade...

No meu sonho, quase todos nós nos encontramos na rodoviária do Rio de Janeiro depois de mais de um ano. Foi fantástico. Nos abraçamos, sentindo de novo o calor do abraço fraterno. Emocionante. De lá, sem escalas, viagem de van até Mangaratiba. A casa de praia dos Morgado estava lá, exatamente como a deixamos há três anos. Afonso, Cida e Tainá nos esperavam.

De repente o mundo foi tomado por álcool. Itaipava, Brahma, cachaça com gengibre. Cachaça com própolis, com Listerine. Foi assim por vários dias e várias noites. Fernandôncio chegou, de pick up, acompanhado da noiva Thaís Tibiriçá. Como sempre, muita festa nessa hora.

No mar, nadamos de noite. Nadamos pelados. Nadamos até o iate. Jogamos futebol. Cantamos em coral. Cantamos sucessos, todos eles. Botamos os assuntos mais ou menos em dia. Botamos o pregador. E, no meu sonho, registramos tudo.

Tinha um cara igual Paulo Ricardo. Tinha outro igual Sidney Magal. Teve cara que ralou as costas e a coxa na areia e pegou mulher na rua. Teve touro mecânico e duplo twist carpado na areia. Só pode ter sido sonho, não é possível...

Tinha cara com short da namorada. Tinha cara cantando no violão e contando o que não deveria. Tinha brincadeira musicada, sem-graça de tudo. Tinha até um adolescente entre a gente!

A cerveja acabava. E aparecia mais um monte. E aparecia churrasco, peixe, strogonoff, siri, caranguejo. Os pais da Camila já nem estavam mais lá, mas davam tudo pra gente. Quem fosse dormir era gay.

Nessa minha empreitada imaginária, a gente filmava e fotografava tudo, para depois fazer um documentário sobre o encontro. Dava até medo do que pudesse sair disso. O pessoal fazia vergonha.

Pra finalizar, tinha hora em que todo mundo se abraçava forte de saudade. Mas parecia mesmo que a gente tinha se visto na noite anterior, tamanha a intimidade. Tinha hora que uma lágrima escapava ao som de uma música nossa.

Aí eu acordei. Confuso, como que de ressaca, no Espírito Santo. Não entendi nada.

Sorte que eu estou testando uma máquina que registra sonhos.

quarta-feira, 8 de abril de 2009

Minha turma

Este post é inspirado no excelente blog Just Wrapped in books, do excelente escritor João Júnior.

Na verdade não moro sozinho. Digo isto apenas para afugentar criminosos e paparazzi. Por enquanto, somos em quatro.


Este é meu grande amigo coala. É quem me ouve nos momentos de solidão, quem me abraça nas noites frias. Mentira, em Guriri não tem noites firas. É presente de Natal da minha namorada Fernanda — de quando ainda nem éramos oficialmente um casal. Talvez tenha sido uma tentativa de acelerar as coisas e eu pedir logo a mão dela. Se foi, deu certo.

Ao ganhar o coala, improvisei, com o laço que envolvia o embrulho, uma gravata borboleta para o bicho. Ele ficou elegante, com pose de animal bem-sucedido nos negócios, um gentleman. Assim, com tamanha autoridade, ganhou o nome de Senhor Coala. A gravata, claro, eu perdi instantes depois.

E eu sei que ele está precisando de um banho.


Esta é a Pig depois que sofreu mutação genética. Era apenas uma porquinha cor-de-rosa de poupar moedas. Certo dia, depois de muito tempo que já a tinha, decidi alimentá-la com uma moeda de R$ 1 pela primeira vez. Ela, que não estava acostumada ao tamanho do metal, cedeu, quebrando parte do dorso. Quase um rompimento de hímen.

Eu não achei ruim, porque assim poderia assaltá-la sempre que preciso. Mas um dia, no período de Réveillon, minha família veio me visitar. Meu pai, após chegar da praia — onde suspeito que bebeu uma cerveja estragada — resolveu reparar pequenos defeitos na casa. Consertou a tampa do fogão e sobrou durepox. O gatuno, aproveitando-se de estar sozinho na cozinha, colou a porca. Sobrou durepox. O maluco resolveu então arquitetar um pequeno rabo na suína. Sobrou durepox. Ele, não satisfeito, ainda sob forte efeito do álcool com validade prescrita, modelou dois chifres na bichinha. Assim nasceu a porquinha mutante.

Caso você se pergunte: “Mas ele é corinthiano e tem um porco em casa?” Não é um porco! É uma porca. Rosa. Sacou?


Por fim, esta é a galinha d’angola porta-guardanapos. Ela não tem graça nenhuma, embora tenha relativa utilidade. Adquiri a ave de madeira em uma circunstância curiosa. Passava o Réveillon 2007-2008 com uma família de amigos. Eles trouxeram uma brincadeira, como um amigo-oculto, em que dependendo de uma série de acontecimentos cada um terminava com um presente legal — como uma camisa ou uma caixa de bombons — ou algo pífio — como uma banana. Todas as lembranças foram compradas por eles e ficavam embrulhadas. Não lembro com que terminei (era algo irrelevante), mas negociei e optei por trocá-lo pela galinha. Achei simpática.

Último detalhe: nos tempos de faculdade, eu ainda tinha um leão de pedra-sabão, um sapo que fazia barulho de beijo, um macaco que veio no Passatempo e um ursinho Pooh.

domingo, 5 de abril de 2009

Separados na maternidade

Recentemente fui surpreendido com uma das coisas mais interessantes e criativas que vi nos últimos tempos.


Por Matheus Espíndola

Genial. Parabéns, Cano!

sábado, 4 de abril de 2009

Manual do assentado


A vida na cidade grande exige adaptações. A competitividade está presente em todos os momentos da vida social e, decerto, há mais pessoas que lugares a se sentar nos núcleos urbanos de aglomeração humana. A chance de ficar em pé ao lado de um banco ocupado é ampla e, nestas horas, o tal do Murphy pode querer te perseguir.

Eu desenvolvi minhas próprias técnicas para conseguir e assegurar vaga em assentos — algo muito mais elaborado do que simplesmente chegar antes dos outros. Por exemplo: chega-se cedo à missa, antes até do padre (eu adquiri o costume de ficar lá atrás, nos últimos bancos). Os lugares vão, aos poucos, sumindo, até que o pessoal começa a ficar em pé, também em posições estratégicas — perto do ventilador e/ou da porta.

Começa a missa. A Igreja se enche. Canto de Entrada, Canto de Louvor e... aparece uma velhinha! As velhinhas são, neste caso, o pior inimigo de quem chegou cedo e está lá, tranquilo, agradecendo o dom da vida enquanto se segura para não pegar no cochilo. A velhinha chega e para ao lado do banco. E, caso você seja o primeiro cara da fila, o pessoal começa a te olhar feio, porque, pelo código de ética social, quem deve ceder o lugar é o primeiro da fila. Negar assento a uma velhinha em pleno culto de ação de graças é uma passagem para o inferno sem escala no purgatório. Não dá.

Os idosos valem-se da bengala, da pele enrugada e do reumatismo para chegar atrasados a eventos sociais. E, num estado democrático, isto não é justo. Tem também as mulheres ou casais, que chegam tarde com um nenenzinho no colo — aí vale a mesma regra. Dá até vontade de se oferecer para segurar a criança e deixar os grandões em pé, mas, sinceramente, não sei qual é pior. Por isto, na Igreja, não tenha dúvidas: pode-se até sentar lá atrás, mas nunca fique na ponta. Só isto.

No ônibus as coisas são mais difíceis. Pelo menos os idosos têm lugares só para eles. Mas os velhinhos de 64 anos pagam passagem e vão ficar em pé justamente do seu lado. Por isto, aqui vão duas dicas preciosas caso você já esteja sentado e não deseje com todas as forças se levantar para passar o resto da viagem em pé, cheirando o suvaco de um negão suado, de bigodes e camisa regata cavada e celular com som ligado alto tocando música com refrão perseguidor. Primeiro: sente-se o mais longe possível da roleta. Além de ficar mais perto quando for descer, evita os velhinhos, gestantes e ah!, pode incluir os obesos na lista. Segundo: sente-se à janela. O código de ética diz que o sujeito do corredor é quem se levanta.

Agora vem a parte mais difícil: conseguir um lugar no coletivo quando se está em pé. Aqui a percepção faz toda diferença. É importante conhecer o trajeto do ônibus e reparar nos passageiros. Por exemplo: no caminho entre o trabalho e a casa tem uma faculdade. Assim, deve-se caminhar até o lado de alguém que esteja sentado e tenha cara de universitário. Procure mochilas ou livros — qualquer indício que comprove a suspeita vai servir. Cuidado apenas para não ficar próximo a algum idoso que esteja em pé, já que, quando o estudante levantar (na verdade já deveria ter levantado), a preferência será do velhinho.

O ônibus parou próximo à faculdade e o alvo não desceu. Logo, estuda em outro lugar e está apenas voltando para casa. Mudança de planos radical. Mentalize o próximo local de maior fluxo de pessoas. O hospital! Procure passageiros sentados todos de branco ou que aparentem alguma enfermidade (se vire para perceber isto) ou tristeza exacerbada. Lentamente aproxime-se e monte a guarda. O próximo ponto aproxima-se.

Deu certo? Yes! Agora é só repousar, curtir a paisagem, ler um livro ou ligar o mp3 — e colocar o volume do fone mais alto que o celular do cara em pé com música chata de refrão perseguidor.

quinta-feira, 2 de abril de 2009

PDO

Inauguro mais uma seção, a PDO, que trará as melhores e mais significativas imagens homenageando o mestre Paulo Dimas de Oliveira.

Na primeira foto, Ferro e eu Safira e Fernanda. Momento registrado no churrasco de confraternização da turma de Comunicação de 2006.


O que mais me agradou foi a interpretação no olhar. Bela foto!


Sugestões? Envie para a Central de Gerenciamento Issoqueeufalei ou entre em contato pessoalmente com o adminstrador do domínio.