domingo, 18 de dezembro de 2011
Dia 25
sexta-feira, 9 de dezembro de 2011
Sobre Viçosa, uma crônica e interpretação de textos
segunda-feira, 5 de dezembro de 2011
Como o Corinthians venceu o melhor Brasileiro da história
quarta-feira, 30 de novembro de 2011
Viçosa viçosa
sábado, 19 de novembro de 2011
Vestidos
Tudo corria às mil maravilhas no namoro do Gilberto e da Paula. Juntos há um mês, tudo era motivo para sorrisos e para quererem estar juntos. Parecia que dessa vez, enfim, tinham encontrado as pessoas certas. Já haviam sido apresentados aos amigos do outro, aos pais e estavam com uma viagem marcada pra ele conhecer a avó dela, numa cidadezinha pequena. A rotina dos dois mudou desde o início do namoro e girava em torno de cinema, teatro, filmes em casa, barzinhos e idas ao clube. O Gilberto estava orgulhoso porque apresentaria a Paula, de quem ele tanto falava, aos colegas da empresa na festa de fim de ano.
A Paula estava um pouco insegura, queria causar uma boa impressão com o pessoal do trabalho do namorado. Demorou dias para escolher uma roupa que considerasse ideal para a ocasião. Revirou o estoque de todas as lojas do centro e passou uma semana indo ao shopping todos os dias, até que se decidiu por um vestido verde, bonito, elegante, nem curto nem justo demais. No dia, ela caprichou na maquiagem e estava pronta pontualmente às nove à espera do Gilberto. Quando ele chegou, do carro mesmo disse que ela estava especialmente linda.
Na festa, o Gilberto fez questão de passar de mesa em mesa apresentando a namorada. Peito inflado de orgulho, exibia sua morena como um troféu – e ela achava isso a coisa mais bonitinha do mundo. Todos foram simpáticos, diziam que estavam ansiosos em conhecê-la porque ele falava muito dela e convidavam os pombinhos a sentarem-se com eles. Foi assim com o pessoal do financeiro, do RH, dos serviços gerais e da gerência. Mas antes de se decidir por onde ficar, Gilberto tomou a Paula pela mão para levá-la à mesa do Afonso, o patrão. Seu Afonso levantou-se para cumprimentar o funcionário e conhecer sua famosa namorada, e junto com ele, a esposa, Sílvia. Enquanto Gilberto e Afonso abraçavam-se, com direito a tapinha nas costas e tudo, Paula esboçou um aceno de mão e um risinho para Sílvia, até que teve a pior visão de sua vida: a mulher do patrão do namorado trajava exatamente o mesmo vestido verde que ela. O mesmo decote, a mesma alça direita com linhas douradas, o mesmo detalhe na perna esquerda. O mesmo vestido que ela custou tanto para encontrar, que ela achou chique, discreto e que valorizava suas pernas. O mesmo vestido que custou quase metade do salário e foi dividido em seis vezes no cartão.
O sorriso da Paula desmoronou. O da Sílvia também, que ficou séria, com olhos arregalados e boca aberta. Paula virou as costas, pôs-se a chorar e correu para a rua. Quando o Gilberto percebeu, ela já estava lá fora, com a maquiagem borradíssima e os olhos inchados e vermelhos. Lá foi ele, enquanto Afonso abraçava Sílvia e a pedia secretamente para tentar manter a postura perante os empregados. A Paula não parou de chorar, não queria conversa e exigiu que o Gilberto a levasse de volta para casa. Ele tentou argumentar, mas ela, aos soluços, foi irredutível. Em meia hora o Afonso alegou um mal estar e também deixou a festa, com a família.
Em frente ao apartamento dela, Paula pediu desculpas a Gilberto por ter estragado a noite dele, mas ele relevou, ainda tentava confortá-la. Por fim, ela disse que não queria mais vê-lo, o namoro não daria mais certo depois da humilhação. Alegou que nunca mais ela conseguiria encontrar com os colegas dele à vontade. Rosto molhado por lágrimas, Paula deixou o carro e entrou em casa. Chorou toda a noite. E nunca mais falou com Gilberto.
Triste, o Gilberto decidiu voltar à festa para ver como tinha ficado o clima. Quando chegou, a banda contratada já tinha começado a tocar e o pessoal já estava dançando animado e bebendo bastante. Foi aí que o Gilberto viu o Jonas, seu melhor amigo na empresa, que chegou atrasado e nem estava sabendo da confusão com a mulher do patrão. Por ironia do destino, Gilberto e o Jonas vestiam a mesma camisa azul. Igualzinha, sem tirar nem por nada. E, ao perceber, o Jonas gritou: “ô meu parceiro, vamos fazer uma dupla sertaneja?”, seguido de uma risada escandalosa. Sem perder tempo, Jonas, espirituoso, pediu à banda para cantarem uma moda juntos.
E não é que eles levaram jeito para a coisa? A galera gostou e eles cantaram a noite inteira. Depois, começaram a fazer pequenas apresentações, ensaiar com músicos profissionais e decidiram deixar a empresa para investir na carreira. Hoje, Jonas e Gilberto é uma das duplas mais famosas da região e o hit “Vestidos iguais” é o mais tocado em todas as rádios, todo mundo sabe a letra na ponta da língua. E a Paula chora toda vez que ouve, coitada.
segunda-feira, 7 de novembro de 2011
Conto à tróis 2 - parte 3
domingo, 6 de novembro de 2011
Conto à tróis 2 - parte 2
Conto à tróis 2 - parte 1
quarta-feira, 26 de outubro de 2011
Chamas de Sonhos
sexta-feira, 14 de outubro de 2011
À primeira íris
sexta-feira, 7 de outubro de 2011
Empatia precoce
sexta-feira, 30 de setembro de 2011
Chamas de Sabor
sábado, 24 de setembro de 2011
Duas
Elas eram amicíssimas, não se desgrudavam nunca. Sabiam tudo uma da outra e nunca tinham brigado sério. Era até raro não vê-las juntas. Eram muito parecidas, só os amigos mais próximos sabiam identificar com precisão quem era quem. Até o pai delas se confundia às vezes. E eram incrivelmente bonitas.
A beleza delas sempre fez sucesso. Atualmente as duas trabalham no mesmo lugar e, por lá, todo o bairro já ouviu falar das irmãs lindas e iguais. O gerente nunca declarou abertamente, mas, após a contratação delas, a procura pela empresa cresceu exponencialmente. Coincidência ou não, pelo público masculino.
Elas já se acostumaram a chamar a atenção. Foi assim durante toda a faculdade, em que as festas do curso que fizeram juntas eram as mais cheias. Nunca faltaram amigos querendo ser do mesmo grupo de trabalho ou perguntando, em princípio inocentemente, qual a boa do fim de semana. A biblioteca também se enchia mais quando elas estavam por lá.
Na escola não foi diferente. As irmãs eram o sonho de todos os colegas. Desde novinhas faziam sucesso com os tidos como inalcançáveis caras do terceiro ano. Eram superpopulares e escolheram a dedo os rapazes com quem se relacionaram. O vôlei da Educação Física tinha até plateia e o time das olimpíadas interclasses tinha mais torcida que o time de futebol profissional da cidade.
Na adolescência fizeram alguns trabalhos como modelos, sempre juntas. Eram as mais procuradas da idade para as campanhas publicitárias. Mas não quiseram seguir a carreira porque sabiam que uma hora teriam que se separar. Também foram as musas do curso de inglês, do balé e da academia.
Quando crianças, elas receberam todos os elogios possíveis. A praça ficava lotada de velhinhas babonas quando elas estavam lá brincando no escorregador. Os pais ficavam cheios de orgulhos das crias. E as gêmeas sempre juntas.
Já começaram a ser percebidas como diferentes dos demais ainda na maternidade. Os enfermeiros opinavam que elas eram mais bonitas, mais engraçadinhas que os outros bebês. E daí em diante naturalmente as irmãs mantiveram os holofotes sobre si.
Na verdade, o sucesso começou até antes disso. Meses antes delas nascerem, comentava-se que aquele espermatozoide era mais vistoso que os outros. E que ainda iria dar o falar.
terça-feira, 20 de setembro de 2011
Vida maquiada
quinta-feira, 8 de setembro de 2011
Prestativo
segunda-feira, 5 de setembro de 2011
O menino e a bola
O menino foi o último a ser escolhido, mas isso não era raro. No campinho tinha o número exato de garotos para uma partida, senão nem o deixariam jogar. O colega que perdeu o par ou ímpar reclamou que seu time ficaria mais fraco porque o menino estaria nele. Os outros argumentaram que sempre um lado fica um pouco melhor que o outro, não tem jeito.
Mandaram o menino ficar parado na frente, na banheira. E ele foi. Mas na primeira jogada perdeu a bola e acusaram-no de ter matado um contra-ataque. Olharam feio pra ele. Depois, recebeu a bola em boa posição, mas não conseguiu dominá-la e a jogada outra vez não surtiu efeito. Recebeu, em consequência, um xingamento pessoal cabeludo. Os que eram mais seus amigos o defenderam.
Mandaram o menino ficar parado atrás, fechando a zaga. E ele foi. Mas deu azar que de cara enfrentou o mais habilidoso da turma, que o driblou com facilidade, correu mais que ele e bateu cruzado, fazendo um golaço no cantinho para inaugurar o placar da pelada. Só um amigo do menino tocou em sua mão e o condecorou pela tentativa; ainda deu uma dica de marcação. O resto gritou com ele.
Mandaram o menino pro gol, pra atrapalhar menos. E ele foi. Mas, pra acabar de vez com qualquer chance de redenção, sofreu um gol debaixo das pernas logo depois de o placar ter ficado em 1 a 1. Nem foi tão culpa dele, a bola desviou na defesa e o surpreendeu. Mas ele foi condenado. Expulsaram o menino da brincadeira e um time ficou com um a menos. Foi embora mais cedo.
Mas o que ninguém sabia é que o menino, ainda bem criança, já era poeta. Tinha mil obras. Quando chegou em casa, pegou um lápis e o caderno e teceu um lindo poema sobre futebol. Nele, o menino batia na bola melhor que o Zico, driblava melhor que o Mané e fazia mais gols que o Pelé. Era o melhor do mundo.