Recebi por e-mail uma indicação para acessar o site Distintivos, que traz escudos de times do mundo inteiro. Como bom babaca, procurei equipes com nomes diferentes, até que resolvi verificar a que tem o nome mais parecido com o meu. E, para minha surpresa, encontrei o Ulisses FC:
quarta-feira, 30 de setembro de 2009
sexta-feira, 4 de setembro de 2009
De volta pra casa
Hora de fazer as malas, juntar as coisas e voltar pra casa. A breve aventura de um ano e meio longe das Minas Gerais chegou ao fim. Serviu para eu aprender muito, profissional e pessoalmente. A maior lição, sem dúvida, é conseguir, aos poucos, desapegar-me do passado fantástico e viver o presente, já focado em um futuro.
Meu tempo no Espírito Santo foi marcado por muita solidão. Mas não foi ruim. Levo agora as certezas de que os botecos são sim excelentes locais de reflexão e relaxamento aos sem-companhias e os livros nas tardes dos fins de semana, na areia da praia e com as ondas do mar como trilha sonora, tornam-se grandes amigos.
O mar... Ah, o mar. Talvez o sonho de todos mineiros seja passar uma temporada morando na praia, como eu fiz, tão pertinho do oceano. Não o meu. A experiência valeu, mas eu nunca fui ligado neste lance de paisagens paradisíacas. Guriri, Barra Nova e Itaúnas terão para sempre seus lugares carinhosamente marcados em minha memória como obras divinas, mas eu trocaria todos por pessoas como as que tinha conhecido nos últimos anos. Como disse uma vez o poeta: Eu vou voltar pro meu sertão, pois aqui não fico não, quero mais que água pra viver.
Fiz poucos amigos em solo espírito-santense, de fundamental importância para que eu me mantivesse em suas terras. Deixam em mim uma estranha sensação de perda. Levo boas histórias e, o principal, sem traços negativos — os poucos, achei por bem esquecer.
Hora de subir as montanhas. Encerrou-se a última etapa do meu exílio voluntário. Talvez o fato de eu nunca ter gostado de peixe, somado a ser fã de pão de queijo e não dispensar uma cachaça, realmente queiram me dizer alguma coisa. Trabalha e confia que vem a Liberdade, ainda que tardia.
Até o verão, Espírito Santo!
Meu tempo no Espírito Santo foi marcado por muita solidão. Mas não foi ruim. Levo agora as certezas de que os botecos são sim excelentes locais de reflexão e relaxamento aos sem-companhias e os livros nas tardes dos fins de semana, na areia da praia e com as ondas do mar como trilha sonora, tornam-se grandes amigos.
O mar... Ah, o mar. Talvez o sonho de todos mineiros seja passar uma temporada morando na praia, como eu fiz, tão pertinho do oceano. Não o meu. A experiência valeu, mas eu nunca fui ligado neste lance de paisagens paradisíacas. Guriri, Barra Nova e Itaúnas terão para sempre seus lugares carinhosamente marcados em minha memória como obras divinas, mas eu trocaria todos por pessoas como as que tinha conhecido nos últimos anos. Como disse uma vez o poeta: Eu vou voltar pro meu sertão, pois aqui não fico não, quero mais que água pra viver.
Fiz poucos amigos em solo espírito-santense, de fundamental importância para que eu me mantivesse em suas terras. Deixam em mim uma estranha sensação de perda. Levo boas histórias e, o principal, sem traços negativos — os poucos, achei por bem esquecer.
Hora de subir as montanhas. Encerrou-se a última etapa do meu exílio voluntário. Talvez o fato de eu nunca ter gostado de peixe, somado a ser fã de pão de queijo e não dispensar uma cachaça, realmente queiram me dizer alguma coisa. Trabalha e confia que vem a Liberdade, ainda que tardia.
Até o verão, Espírito Santo!
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quinta-feira, 3 de setembro de 2009
Hakuna Matata
Em 1994 fui ao cinema pela primeira vez, assitir o clássico O Rei Leão. Desde então, vi o filme outras incontáveis vezes, com muitos aluguéis de VHS e, mais tarde, no computador. Já fiz até uma breve dissertação sobre as continuações do filme (O Rei Leão 2 - O Reino de Simba e O Rei Leão 3 - Hakuna Matata) em apresentação de trabalho para a disciplina de Estética da Comunicação, no segundo período da faculdade de Jornalismo. Conheço de cor a história de Simba, Nala, Mufasa, Sarabi, Zazu, Rafiki, Scar, Shenzi, Banzai, Ed, Timão e Pumba.
As mentes mais questionadoras poderiam se perguntar: não é muito irreal tamanha amizade entre um javali e um suricate? Quem será o autor desta ideia absurda?
Aí a gente cresce e descobre que, sim, eles existem.
"Os seus problemas você deve esquecer. Isso é viver. É aprender. Hakuna Matata."
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quarta-feira, 2 de setembro de 2009
Inovações tecnológicas
O grupo Isso que eu falei Media and Entertainment inaugurou o novo canal de comunicação com o leitor, no Twitter. A decisão foi tomada após reunião com diretores, gerentes e chefes de setor, com participação fundamental dos conselheiros e acionistas Fernanda Torquato, Régis André e Viviane de Carvalho.
Mas das mais recentes inovações tecnológicas, de longe a que mais me chama atenção é o Google Analytics. É impressionante a quantidade de informações que a ferramenta fornece sobre os acessos ao site. Se até eu sei como funciona, imagino que a maioria das pessoas já entenda. Vou analisar os dados obtidos.
O Issoqueeufalei recebeu 400 visitas desde que a contagem foi ativada, em junho. Até ontem, pelos dados do Google, o blog foi acessado por 187 pessoas diferentes, os chamados unique visitors, em 398 oportunidades. O resultado disso é 548 visualizações de páginas no domínio. Os números são surpreendentes para um blog que, até onde eu pensava, é visitado somente por três ou quatro leitores fiéis e que fala basicamente sobre... mim!
O relatório aponta que o internauta permanece com a página do Issoqueeufalei aberta, em média, por dois minutos e 18 segundos, o que deve dar para ler um ou dois textos. O pico de audiência da história do blog desde a implantação da ferramenta foi em 11 de agosto de 2009, com o post O dia em que eu fui um Gavião: 45 acessos, de 42 visitantes diferentes. Também dá para saber o tipo de conexão dos usuários e se entrou no site a partir de um redirecionamento.
Agora vem a melhor parte: é possível saber de onde a pessoa acessou o site. Porém a contagem é imprecisa, já que coloca Vitória como a cidade com mais visitas ao Issoqueeufalei, o que, penso eu, indica que parte dos acessos em São Mateus é contabilizada para a capital espírito-santense. São Mateus aparece em quinto, atrás de Belo Horizonte, São Paulo e Rio de Janeiro. Viçosa ocupa a oitava posição, Bragança Paulista a nona e Brasília a décima. Também está registrado o acesso de internautas de todas as principais capitais brasileiras.
O mais surpreendente é que a lista não para por aí. O Issoqueeufalei contabiliza dez visitas dos Estados Unidos, cinco de Portugal, três da Argentina, duas do Canadá, Reino Unido e Espanha. O Analytcs também registra acessos de locais mais remotos, como Dinamarca, Romênia, Peru, Turquia e até Iran. Lista extensa para um blog que fala sobre... mim! Será que eu sou popular no Oriente Médio?
Viva a tecnologia a nosso favor.
Bye, Iranians!
Mas das mais recentes inovações tecnológicas, de longe a que mais me chama atenção é o Google Analytics. É impressionante a quantidade de informações que a ferramenta fornece sobre os acessos ao site. Se até eu sei como funciona, imagino que a maioria das pessoas já entenda. Vou analisar os dados obtidos.
O Issoqueeufalei recebeu 400 visitas desde que a contagem foi ativada, em junho. Até ontem, pelos dados do Google, o blog foi acessado por 187 pessoas diferentes, os chamados unique visitors, em 398 oportunidades. O resultado disso é 548 visualizações de páginas no domínio. Os números são surpreendentes para um blog que, até onde eu pensava, é visitado somente por três ou quatro leitores fiéis e que fala basicamente sobre... mim!
O relatório aponta que o internauta permanece com a página do Issoqueeufalei aberta, em média, por dois minutos e 18 segundos, o que deve dar para ler um ou dois textos. O pico de audiência da história do blog desde a implantação da ferramenta foi em 11 de agosto de 2009, com o post O dia em que eu fui um Gavião: 45 acessos, de 42 visitantes diferentes. Também dá para saber o tipo de conexão dos usuários e se entrou no site a partir de um redirecionamento.
Agora vem a melhor parte: é possível saber de onde a pessoa acessou o site. Porém a contagem é imprecisa, já que coloca Vitória como a cidade com mais visitas ao Issoqueeufalei, o que, penso eu, indica que parte dos acessos em São Mateus é contabilizada para a capital espírito-santense. São Mateus aparece em quinto, atrás de Belo Horizonte, São Paulo e Rio de Janeiro. Viçosa ocupa a oitava posição, Bragança Paulista a nona e Brasília a décima. Também está registrado o acesso de internautas de todas as principais capitais brasileiras.
O mais surpreendente é que a lista não para por aí. O Issoqueeufalei contabiliza dez visitas dos Estados Unidos, cinco de Portugal, três da Argentina, duas do Canadá, Reino Unido e Espanha. O Analytcs também registra acessos de locais mais remotos, como Dinamarca, Romênia, Peru, Turquia e até Iran. Lista extensa para um blog que fala sobre... mim! Será que eu sou popular no Oriente Médio?
Viva a tecnologia a nosso favor.
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terça-feira, 1 de setembro de 2009
Começou o Centenário
"Como estariam orgulhosos agora aqueles operários que, enquanto esperavam o bonde para voltar para casa depois de mais um dia de batente, decidiram criar um clube de desportos para não dependerem mais dos precários campos de várzea ou sofrerem com a indiferença da elite, dona dos clubes esportivos da época. Naquela noite, primeiro de setembro de 1910, nascia, numa esquina de São Paulo, à luz de lampiões, o Sport Club Corinthians Paulista. Dois pintores de parede, um sapateiro, um motorista e um trabalhador braçal criaram o time que estava prestes a disputar o título de melhor do mundo. O nome, uma homenagem ao inglês Corinthian-Casuals, que viajava pelo Brasil fazendo uma série de amistosos".
Techo de O Dono do Mundo, de Ulisses Vasconcellos.
Parabéns pelos 99 anos, Coringão! Começa hoje um ano que vale por 100.
"O Corinthians é o time do povo, e é o povo quem vai fazer o time" - Miguel Bataglia, alfaiate e primeiro presidente corinthiano.
Techo de O Dono do Mundo, de Ulisses Vasconcellos.
Parabéns pelos 99 anos, Coringão! Começa hoje um ano que vale por 100.
"O Corinthians é o time do povo, e é o povo quem vai fazer o time" - Miguel Bataglia, alfaiate e primeiro presidente corinthiano.
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segunda-feira, 31 de agosto de 2009
Saudades de um cara 14
Dia 21 de março recebi um e-mail da Viviane, que, entre outras coisas, continha este parágrafo:
vez ou outra eu leio o issoqueeuefalei...... acho que vc podia escrever um texto pra mim tb! :) (carinha de por favor...hahahaha) Mas é que eu tenho uma técnica...quando me sinto sozinha ou to com muita saudade eu leio as biografias que o pessoal escreveu pra mim e até choro ou começo a rir de tanta coisa boa...e me faz bem lembrar...só que eu num tenho uma sua!vou começar a te cobrar hein!
Desde então, eu me planejo para escrever um pouco sobre ela. É muita responsabilidade falar de uma pessoa querida e que é terremoto de sentimentos. Tive o receio de ela não gostar de alguma parte e o tiro sair pela culatra. Resolvi arriscar, com a melhor das boas intenções, como uma pequena homenagem a uma das únicas grandes amigas que nunca mais vi depois da formatura — por enquanto. Para você, Vivi:
Ela é loira, o cabelo lisinho, os olhos são de um verde bem chamativo e o quadril foi desenhado com um Q maiúsculo. No entanto a principal característica da Viviane de Carvalho não é física, é sentimental. A Vivi é a pessoa mais emotiva do mundo, daquelas que expressa os sentimentos com naturalidade e sinceridade a todo momento. Principalmente quando a sensação é de saudade.
Aos eleitos amigos de verdade, a Vivi dedica um carinho especial, quase maternal. Talvez o cuidado advenha da desmedida diferença de idade entre ela e a turma, o que sempre a colocou no contexto social como uma figura querida, respeitada e admirada.
Viviane é uma mulher inteligente. Mas, por via das dúvidas, preparada. Não foram raros os momentos em que seus colegas de faculdade preparavam-se para ir às copiadoras adquirir material para as provas de História em dias de véspera e a ouviram dizer-se insegura por ter lido os textos apenas quatro vezes cada. No final, claro, notas e coeficiente estratosféricos. A dona do caderno mais procurado do ensino superior brasileiro.
De todos os dons dela, a escrita pode não ser o mais nobre. A não ser que a referência seja à quantidade. Ela escreve e-mails gigantescos, informativos, analíticos, interpretativos e saudosos, com lembranças de cenas memoráveis, planos de reencontros e muitas palavras digitadas sem espaço, uma atropelando a outra, num turbilhão de emoções.
Outro ponto que nunca passa batido: a origem. O interior está na cara, no jeito, no sorrisão e, como não poderia deixar de ser, no sotaque da Vivi. O R paulista do Sul de Minas compõe a personagem da típica mocinha da cidade pequena que ganhou o mundo. Os trejeitos de quietinha a acompanharam por muito tempo, até que as companheiras de universidade a apresentaram ao mundo dos efeitos e das delícias do álcool na balada.
A mulher que chegou quietinha, saiu chorando de saudades antecipadas. Deixou em quem conviveu com ela a certeza de que a amizade do grupo é eterna, real e muito forte. Tornou-se o símbolo de uma geração de pessoas que se amam.
Quer um também? Fale-me e eu escrevo. E agora temos tags, dá pra acompanhar toda a série Saudades.
vez ou outra eu leio o issoqueeuefalei...... acho que vc podia escrever um texto pra mim tb! :) (carinha de por favor...hahahaha) Mas é que eu tenho uma técnica...quando me sinto sozinha ou to com muita saudade eu leio as biografias que o pessoal escreveu pra mim e até choro ou começo a rir de tanta coisa boa...e me faz bem lembrar...só que eu num tenho uma sua!vou começar a te cobrar hein!
Desde então, eu me planejo para escrever um pouco sobre ela. É muita responsabilidade falar de uma pessoa querida e que é terremoto de sentimentos. Tive o receio de ela não gostar de alguma parte e o tiro sair pela culatra. Resolvi arriscar, com a melhor das boas intenções, como uma pequena homenagem a uma das únicas grandes amigas que nunca mais vi depois da formatura — por enquanto. Para você, Vivi:
Viviane de Carvalho
Ela é loira, o cabelo lisinho, os olhos são de um verde bem chamativo e o quadril foi desenhado com um Q maiúsculo. No entanto a principal característica da Viviane de Carvalho não é física, é sentimental. A Vivi é a pessoa mais emotiva do mundo, daquelas que expressa os sentimentos com naturalidade e sinceridade a todo momento. Principalmente quando a sensação é de saudade.
Aos eleitos amigos de verdade, a Vivi dedica um carinho especial, quase maternal. Talvez o cuidado advenha da desmedida diferença de idade entre ela e a turma, o que sempre a colocou no contexto social como uma figura querida, respeitada e admirada.
Viviane é uma mulher inteligente. Mas, por via das dúvidas, preparada. Não foram raros os momentos em que seus colegas de faculdade preparavam-se para ir às copiadoras adquirir material para as provas de História em dias de véspera e a ouviram dizer-se insegura por ter lido os textos apenas quatro vezes cada. No final, claro, notas e coeficiente estratosféricos. A dona do caderno mais procurado do ensino superior brasileiro.
De todos os dons dela, a escrita pode não ser o mais nobre. A não ser que a referência seja à quantidade. Ela escreve e-mails gigantescos, informativos, analíticos, interpretativos e saudosos, com lembranças de cenas memoráveis, planos de reencontros e muitas palavras digitadas sem espaço, uma atropelando a outra, num turbilhão de emoções.
Outro ponto que nunca passa batido: a origem. O interior está na cara, no jeito, no sorrisão e, como não poderia deixar de ser, no sotaque da Vivi. O R paulista do Sul de Minas compõe a personagem da típica mocinha da cidade pequena que ganhou o mundo. Os trejeitos de quietinha a acompanharam por muito tempo, até que as companheiras de universidade a apresentaram ao mundo dos efeitos e das delícias do álcool na balada.
A mulher que chegou quietinha, saiu chorando de saudades antecipadas. Deixou em quem conviveu com ela a certeza de que a amizade do grupo é eterna, real e muito forte. Tornou-se o símbolo de uma geração de pessoas que se amam.
Quer um também? Fale-me e eu escrevo. E agora temos tags, dá pra acompanhar toda a série Saudades.
domingo, 30 de agosto de 2009
O dia em que eu fui um Gavião - Imagens
Pode não parecer, mas eu estava na arquibancada, bem ao centro. Dia para guardar pra sempre na memória.
Imagens registradas a partir da torcida do Flamengo.
Imagens registradas a partir da torcida do Flamengo.
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Viagem ao Rio de Janeiro
terça-feira, 11 de agosto de 2009
O dia em que eu fui um Gavião
Parte 1 – A saga
A história começa no início da noite de sábado, quando tomei o ônibus. Talvez poucas pessoas tenham realizado o sonho de ver o time do coração jogar pela primeira vez nas mesmas circunstâncias que eu: em outro estado, sozinho no estádio, em viagem com a torcida adversária.
Depois de uma noite e manhã de bagunça e cerveja no ônibus — que quebrou algumas vezes, claro — chegamos à cidade. Já domingo, a primeira parada é a sede do clube, do clube deles. Salas de troféus, loja oficial, campos de treinamento e eu contando os minutos para ter acesso à minha turma, para, enfim, me sentir em casa.
No caminho para o estádio, pego o ingresso. O meu é diferente do de todo mundo, é de cadeira. Eles ficam na arquibancada. Recebo as últimas orientações, marcamos o ponto de encontro depois do jogo e me despeço. Caminho entre a multidão vestida com o uniforme do oponente, enquanto procuro a minha galera. Falta mais de uma hora para o jogo.
Dou a volta pelo lado de fora do estádio. É muito grande, deve ser mesmo o maior do mundo. A certa altura ouço o barulho vindo do interior do gigante de concreto: “Timãããão ê ô. Timãããão ê ô”. Um arrepio inexplicável me desce pela espinha. Eu estava perto, a hora se aproximava.
Chego à entrada, mostro meu ingresso e então sou informado pelo pessoal da revista que os visitantes ficam na arquibancada, não na cadeira. O mundo para, começo a tremer, minha mente é tomada por pensamentos negativos. A mocinha da revista diz que vai me ajudar, me leva a um policial militar e expõe minha situação — parece que ela foi com a minha cara. O PM mira o ingresso, me fuzila com os olhos e balança a cabeça. “Já era”, sentencia, acentuando o sotaque carioca. Pro Corinthians tudo tem mesmo que ser mais difícil.
Caminho desolado tentando pensar em alguma coisa. Meu telefone toca e é o organizador da excursão, ligando de dentro do estádio: “Os Corinthianos estão na arquibancada. Volte à entrada, um cara vai te esperar lá e trocar seu ingresso”.
Lá vou eu, refaço todo o caminho e aguardo o tal cara, que ele até chegou a dizer quem era, mas não deu para ouvir direito. Espero, espero, espero, ligo para o organizador, ouço a mensagem de telefone desligado. Desisto, o rapaz não vem. Ainda me restava algum dinheiro, o suficiente para comprar outro ingresso. Procuro a bilheteria.
Conto a história à moça que vende ingressos. Ela me assegura: é “tranquilo” entrar com o bilhete que tenho. Volto ao portão de entrada da minha torcida e a esta altura são uma volta e meia no estádio, estou ofegante e suado. Passo pela revista e, como quem não quer nada, coloco o cartão na máquina, que trava. O homem que controla a catraca faz cara de assustado e eu também. Ele pega o ingresso, confere e me informa que estou no setor errado.
Narro ao sujeito minha saga. Lembro a ele o que me dissera a moça da bilheteria e me reforço com os argumentos de que estou sozinho na cidade e não tenho mais dinheiro. Ele me pede para esperar e chama o fiscal do estádio. O fiscal vem, confere o ingresso e joga uma bigorna em cima das minhas esperanças. Com aquele cartão não tinha como entrar naquele setor e ponto final.
Vou de novo à bilheteria. Minhas pernas já não aguentam mais andar, começam a querer parar. Compro o novo ingresso, pago R$ 30 e ainda consigo vender o outro por R$ 10, metade do custo original para o setor. Força nas pernas que o caminho de volta à entrada da arquibancada é longo.
De novo a revista, a PM, a catraca. Mas agora com final feliz. São Jorge estava do meu lado! Subo a passos lentos a rampa do Maracanã e avisto e a Fiel.
Parte 2 – A Fiel
A espera valeu a pena. Foram 23 anos, dois meses e 25 dias do mais absoluto Corinthianismo à distância. Adentro o estádio ao som de um grito de torcida e já me infiltro na mística Gaviões da Fiel. A partir daí tiro forças sabe-se lá de onde para permanecer em pé durante dois tempos de 45 minutos apoiando o Coringão.
Quando os jogadores subiram ao campo, vi que a andança toda não importava mais. Eu estava diante do Felipe, do Chicão e do William, Edu, Dentinho, Mano Menezes. São figuras de muito prestígio para mim, heróis pessoais, autores de muitas alegrias.
Eu precisava tirar a limpo duas coisas. A primeira era entender, sentindo, o que é a Fiel. Já posso afiançar: é mesmo a torcida que não para, que canta para o Timão ganhar. O bando de loucos, que nunca abandona. Uma dividida ganha, ataque perdido ou gol sofrido, nada altera a força e o tom dos brados de incentivo aos que trajam o manto alvinegro na batalha das quatro linhas. Por um dia eu fui um Gavião.
É emocionante ver de perto os mastros das bandeiras tremulando, tinha uma em homenagem ao Marcelinho, outra ao Neto e mais uma do Senna. Como criança, aproveitei cada instante. Foi lindo ver a Gaviões, a Estopim e a Pavilhão 9 cantando parabéns à Camisa 12 por mais um ano de vida e, todas juntas, entoando os gritos de guerra da aniversariante. Fantástico olhar para cima e acompanhar a lenta ascensão das bexigas brancas e negras levantando faixas rumo ao firmamento.
Depois de constatada a energia e a vibração únicas vindas da parte paulista do estádio, a segunda coisa a entender era a torcida adversária. Confirmei outra suspeita: a escassez de conquistas importantes do futebol carioca é escondida atrás de atos de irreverência. O “estadual mais charmoso do Brasil” oculta um nível técnico decadente. A torcida se engana, com atos como, ao invés de criticar a incompetência da diretoria por não conseguir efetuar uma determinada contratação de peso, preferir tentar ridicularizar um atleta que jamais desonrou o clube — pelo contrário, sempre o enaltece. Para mim, foi um tiro errado. O futebol do Rio é, hoje, um fenômeno falso.
A partida acaba e a dor nas pernas reaparece com tudo. Permaneço por um tempo a contemplar a garra do batalhão preto e branco na arquibancada, que continua a explanar ininterruptamente o amor pelo Time do Povo. Quando os portões são reabertos, saio tranquilo, com o sonho realizado. A Fiel fica, com a mesma postura de apoio incondicional demonstrada há quase três horas, quando os atletas sequer haviam subido ao campo. Eu levo comigo um pouco desta energia.
Ah, o resultado foi um a zero para o Flamengo. Mas, sei lá, acho que ninguém saiu mais vitorioso do que eu.
Perdoem-me, flamenguistas. Foi escrito muito mais com o coração que com a razão.
A história começa no início da noite de sábado, quando tomei o ônibus. Talvez poucas pessoas tenham realizado o sonho de ver o time do coração jogar pela primeira vez nas mesmas circunstâncias que eu: em outro estado, sozinho no estádio, em viagem com a torcida adversária.
Depois de uma noite e manhã de bagunça e cerveja no ônibus — que quebrou algumas vezes, claro — chegamos à cidade. Já domingo, a primeira parada é a sede do clube, do clube deles. Salas de troféus, loja oficial, campos de treinamento e eu contando os minutos para ter acesso à minha turma, para, enfim, me sentir em casa.
No caminho para o estádio, pego o ingresso. O meu é diferente do de todo mundo, é de cadeira. Eles ficam na arquibancada. Recebo as últimas orientações, marcamos o ponto de encontro depois do jogo e me despeço. Caminho entre a multidão vestida com o uniforme do oponente, enquanto procuro a minha galera. Falta mais de uma hora para o jogo.
Dou a volta pelo lado de fora do estádio. É muito grande, deve ser mesmo o maior do mundo. A certa altura ouço o barulho vindo do interior do gigante de concreto: “Timãããão ê ô. Timãããão ê ô”. Um arrepio inexplicável me desce pela espinha. Eu estava perto, a hora se aproximava.
Chego à entrada, mostro meu ingresso e então sou informado pelo pessoal da revista que os visitantes ficam na arquibancada, não na cadeira. O mundo para, começo a tremer, minha mente é tomada por pensamentos negativos. A mocinha da revista diz que vai me ajudar, me leva a um policial militar e expõe minha situação — parece que ela foi com a minha cara. O PM mira o ingresso, me fuzila com os olhos e balança a cabeça. “Já era”, sentencia, acentuando o sotaque carioca. Pro Corinthians tudo tem mesmo que ser mais difícil.
Caminho desolado tentando pensar em alguma coisa. Meu telefone toca e é o organizador da excursão, ligando de dentro do estádio: “Os Corinthianos estão na arquibancada. Volte à entrada, um cara vai te esperar lá e trocar seu ingresso”.
Lá vou eu, refaço todo o caminho e aguardo o tal cara, que ele até chegou a dizer quem era, mas não deu para ouvir direito. Espero, espero, espero, ligo para o organizador, ouço a mensagem de telefone desligado. Desisto, o rapaz não vem. Ainda me restava algum dinheiro, o suficiente para comprar outro ingresso. Procuro a bilheteria.
Conto a história à moça que vende ingressos. Ela me assegura: é “tranquilo” entrar com o bilhete que tenho. Volto ao portão de entrada da minha torcida e a esta altura são uma volta e meia no estádio, estou ofegante e suado. Passo pela revista e, como quem não quer nada, coloco o cartão na máquina, que trava. O homem que controla a catraca faz cara de assustado e eu também. Ele pega o ingresso, confere e me informa que estou no setor errado.
Narro ao sujeito minha saga. Lembro a ele o que me dissera a moça da bilheteria e me reforço com os argumentos de que estou sozinho na cidade e não tenho mais dinheiro. Ele me pede para esperar e chama o fiscal do estádio. O fiscal vem, confere o ingresso e joga uma bigorna em cima das minhas esperanças. Com aquele cartão não tinha como entrar naquele setor e ponto final.
Vou de novo à bilheteria. Minhas pernas já não aguentam mais andar, começam a querer parar. Compro o novo ingresso, pago R$ 30 e ainda consigo vender o outro por R$ 10, metade do custo original para o setor. Força nas pernas que o caminho de volta à entrada da arquibancada é longo.
De novo a revista, a PM, a catraca. Mas agora com final feliz. São Jorge estava do meu lado! Subo a passos lentos a rampa do Maracanã e avisto e a Fiel.
Parte 2 – A Fiel
A espera valeu a pena. Foram 23 anos, dois meses e 25 dias do mais absoluto Corinthianismo à distância. Adentro o estádio ao som de um grito de torcida e já me infiltro na mística Gaviões da Fiel. A partir daí tiro forças sabe-se lá de onde para permanecer em pé durante dois tempos de 45 minutos apoiando o Coringão.
Quando os jogadores subiram ao campo, vi que a andança toda não importava mais. Eu estava diante do Felipe, do Chicão e do William, Edu, Dentinho, Mano Menezes. São figuras de muito prestígio para mim, heróis pessoais, autores de muitas alegrias.
Eu precisava tirar a limpo duas coisas. A primeira era entender, sentindo, o que é a Fiel. Já posso afiançar: é mesmo a torcida que não para, que canta para o Timão ganhar. O bando de loucos, que nunca abandona. Uma dividida ganha, ataque perdido ou gol sofrido, nada altera a força e o tom dos brados de incentivo aos que trajam o manto alvinegro na batalha das quatro linhas. Por um dia eu fui um Gavião.
É emocionante ver de perto os mastros das bandeiras tremulando, tinha uma em homenagem ao Marcelinho, outra ao Neto e mais uma do Senna. Como criança, aproveitei cada instante. Foi lindo ver a Gaviões, a Estopim e a Pavilhão 9 cantando parabéns à Camisa 12 por mais um ano de vida e, todas juntas, entoando os gritos de guerra da aniversariante. Fantástico olhar para cima e acompanhar a lenta ascensão das bexigas brancas e negras levantando faixas rumo ao firmamento.
Depois de constatada a energia e a vibração únicas vindas da parte paulista do estádio, a segunda coisa a entender era a torcida adversária. Confirmei outra suspeita: a escassez de conquistas importantes do futebol carioca é escondida atrás de atos de irreverência. O “estadual mais charmoso do Brasil” oculta um nível técnico decadente. A torcida se engana, com atos como, ao invés de criticar a incompetência da diretoria por não conseguir efetuar uma determinada contratação de peso, preferir tentar ridicularizar um atleta que jamais desonrou o clube — pelo contrário, sempre o enaltece. Para mim, foi um tiro errado. O futebol do Rio é, hoje, um fenômeno falso.
A partida acaba e a dor nas pernas reaparece com tudo. Permaneço por um tempo a contemplar a garra do batalhão preto e branco na arquibancada, que continua a explanar ininterruptamente o amor pelo Time do Povo. Quando os portões são reabertos, saio tranquilo, com o sonho realizado. A Fiel fica, com a mesma postura de apoio incondicional demonstrada há quase três horas, quando os atletas sequer haviam subido ao campo. Eu levo comigo um pouco desta energia.
Ah, o resultado foi um a zero para o Flamengo. Mas, sei lá, acho que ninguém saiu mais vitorioso do que eu.
Perdoem-me, flamenguistas. Foi escrito muito mais com o coração que com a razão.
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segunda-feira, 3 de agosto de 2009
Por Ulisses Vasconcellos
Matéria publicada no jornal Tribuna do Cricaré de sábado, 1º de agosto:
São Mateus – Após mais de seis meses de investigações, a equipe do Destacamento da Polícia Militar do Distrito de Nestor Gomes prendeu ontem um traficante. A informação é do sargento Matheus, responsável pela operação de prisão de Sérgio Nogueira da Silva, conhecido como Moicano. Na casa do suspeito a PM encontrou crack, cocaína, um revólver 38 e aparelhos eletrônicos sem comprovação de origem.
Foram recolhidas 59 pedras menores de crack e uma grande ainda não subdividida, além de 36 papelotes de cocaína. Junto à arma estavam 14 balas. A polícia também apreendeu R$ 277, um notebook, dois celulares e um aparelho de DVD. Quando os policiais chegaram, Sérgio estava dormindo em casa, na manhã de ontem. “Chegamos mais cedo e às 6h10 anunciamos a operação”, lembrou o sargento, referindo-se ao horário em que a Justiça permite a execução de mandados de busca e apreensão. Ainda de acordo com Matheus, após tomar conhecimento da presença dos militares e ser informado do mandato contra ele, Sérgio não esboçou qualquer reação à detenção.
Preso, o traficante confirmou ser o proprietário da arma e dos entorpecentes, explicando que a droga seria vendida no próprio Distrito de Nestor Gomes. Sérgio disse que comercializa crack e cocaína há três meses. Ele divide a residência com outro rapaz, que, por estar no local, também foi detido. No entanto Sérgio assumiu ser o único dono da droga e eximiu o colega de qualquer culpa.
O rapaz relatou não saber que o companheiro de casa traficava entorpecentes, mas disse que o movimento de pessoas entrando e saindo da residência era grande. Eles moram juntos há mais de um mês. No boletim de ocorrência registrado pela Polícia Militar consta que Moicano já atirou contra um cidadão conhecido Capelão.
Qualquer semelhança é mera coincidência. A arte imita a vida. Ou não.
Poucas atualizações, muitos projetos.
Suspeito detido em Nestor Gomes com cocaína e crack
São Mateus – Após mais de seis meses de investigações, a equipe do Destacamento da Polícia Militar do Distrito de Nestor Gomes prendeu ontem um traficante. A informação é do sargento Matheus, responsável pela operação de prisão de Sérgio Nogueira da Silva, conhecido como Moicano. Na casa do suspeito a PM encontrou crack, cocaína, um revólver 38 e aparelhos eletrônicos sem comprovação de origem.
Foram recolhidas 59 pedras menores de crack e uma grande ainda não subdividida, além de 36 papelotes de cocaína. Junto à arma estavam 14 balas. A polícia também apreendeu R$ 277, um notebook, dois celulares e um aparelho de DVD. Quando os policiais chegaram, Sérgio estava dormindo em casa, na manhã de ontem. “Chegamos mais cedo e às 6h10 anunciamos a operação”, lembrou o sargento, referindo-se ao horário em que a Justiça permite a execução de mandados de busca e apreensão. Ainda de acordo com Matheus, após tomar conhecimento da presença dos militares e ser informado do mandato contra ele, Sérgio não esboçou qualquer reação à detenção.
Preso, o traficante confirmou ser o proprietário da arma e dos entorpecentes, explicando que a droga seria vendida no próprio Distrito de Nestor Gomes. Sérgio disse que comercializa crack e cocaína há três meses. Ele divide a residência com outro rapaz, que, por estar no local, também foi detido. No entanto Sérgio assumiu ser o único dono da droga e eximiu o colega de qualquer culpa.
O rapaz relatou não saber que o companheiro de casa traficava entorpecentes, mas disse que o movimento de pessoas entrando e saindo da residência era grande. Eles moram juntos há mais de um mês. No boletim de ocorrência registrado pela Polícia Militar consta que Moicano já atirou contra um cidadão conhecido Capelão.
Qualquer semelhança é mera coincidência. A arte imita a vida. Ou não.
Poucas atualizações, muitos projetos.
terça-feira, 7 de julho de 2009
Animações
Eu dou a maior força para os meus amigos que compõem, cantam, tocam , atuam, desenham, cozinham, escrevem, jogam bola, lutam, contam piada ou fazem animações.
Este é um trabalho do meu saudoso, inteligente, gigantesco, negro e forte amigo Fernando Coutinho, o Fernandôncio:
O coalinha é bonitinho, né?
Este é um trabalho do meu saudoso, inteligente, gigantesco, negro e forte amigo Fernando Coutinho, o Fernandôncio:
O coalinha é bonitinho, né?
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Animação,
Meus amigos são foda,
Vídeo
sexta-feira, 19 de junho de 2009
Saudades de um cara 13
Chegou a sua vez, Denílson.
Todo mundo tem um lugar em que se sente bem, fica à vontade. O de um grupo de amigos era um bar. Mas eles demoraram a conhecer aquele que, depois, se tornaria um ponto de passagem obrigatória antes de todo grande evento. Quis o destino que o estabelecimento fosse visitado pela primeira vez em uma circunstância considerada adversa, por um único membro da turma.
Um dos rapazes já simpatizara com o Bar Esquina de Minas, mesmo jamais tendo nele adentrado e o espaço nunca tendo sido assunto em conversas no seu círculo de amizades. Sentimento vindo de dentro mesmo. Ocorreu que um dia houve uma festa em que todos os amigos do tal sujeito iriam, mas ele negara-se a participar, alegando questões pessoais. Para não ficar por baixo, decidiu comparecer a outra balada, dos formandos da época, acompanhado pelo saudoso Saulo Inácio Cunha, um dos grandes agregados da equipe àquela altura. O misterioso bar foi, enfim, selecionado como o local de encontro antes da festa.
O jovem rebelde – sabe-se lá por que – encantou-se com o espaço. Tomou algumas doses de aguardente, trocou ideias com o proprietário: uma singular figura, alta e magra, talvez já com seus trinta e tantos anos ou mais. Os cabelos negros lisos eram longos, tendendo aos ombros e sua leveza contrastava com a face mal-delineada e as marcas da idade que chegava. Após o bom papo, o universitário, seguiu para sua festa. Antes, porém, perguntou ao homem seu nome e foi, no dia seguinte, confiante, indicar aos amigos o espetacular Bar do Denílson.
Antes da próxima festa, lá estavam então todos eles. Denílson os acolheu de forma exemplar e este dia marcou a gênese de uma amizade verdadeira. Possivelmente o empresário tenha simpatizado com os garotos bebedores por eles destoarem dos demais frequentadores do ambiente – geralmente nativos de Viçosa, mais precisamente do vizinho Morro do Pintinho, mal-encarados, de bigodes e jaquetas, menos dispostos a conversas amistosas e aparentando portar, ilegalmente, armas de fogo prestes a serem sacadas. Vez por outra, os jovens consumidores sentiam-se acuados com a presença dos companheiros de boteco, mas Denílson assegurava-lhes a proteção necessária.
Em questão de tempo, tomaram conta do bar. Aos poucos, apresentaram-no a todos os amigos e fizeram do estabelecimento o local oficial de agrupamento da turma antes das festas. A rotina era basicamente a mesma: escolher um local privilegiado para posicionar a mesa e, enquanto o Denílson buscava a primeira cerveja, os rapazes pegavam as cadeiras. Também eram eles mesmos quem traziam os copos e selecionavam o DVD a ser tocado. Por mais cheio que o bar estivesse, sempre tinham um lugar garantido.
Mas Denílson conquistou os garotos quando estes pediram a ele doses de aguardente com coloração especial. A fórmula, ele que inventasse. O barman com traços de duende serviu-lhes um drink verde-escuro. Havia elaborado a cachaça tropical – possivelmente misto de pinga com menta, de sabor exótico e agradável. Os universitários desafiaram-no, queriam outra receita. Denílson não falhou e apresentou-lhes um composto vermelho-sangue. Os ingredientes da denominada cachaça infernal até hoje são controversos, mas o que fato é que quem dela provou constatou ser drasticamente mais forte que a anterior e com efeito muito mais arrasador no fígado e no cérebro. Por fim, o já escolado alquimista do álcool preparou uma dose branco-meleca, carinhosamente alcunhada de cachaça da paz, de paladar celestial.
Outra atração eram os preparados alimentícios. O torresmo boiando na gordura há semanas, por exemplo, resultava em efeitos colaterais dos mais adversos. Já então no meio da madrugada, os rapazes se lembravam que ali deveria ser apenas o ponto de partida da programação e deixavam o lugar às pressas, geralmente rumo ao Galpão. Era mais uma noite já bem-sucedida.
Tempos depois, uma grata surpresa: ao meio-dia o Bar Esquina de Minas servia pratos-feitos a custo bastante razoável, além de saborosos, bem diferentes das porções noturnas. Alçado à categoria de restaurante, o espaço figurou como opção para almoço, embora haja quem diga, sem fundamento, que a comida tenha muito óleo.
O bar cresceu, passou a ser melhor frequentado, tornou-se ponto de diversas torcidas para assistir jogos do Brasileirão, conhecido do grande público como Bar do Cabelinho. Mas eram aqueles garotos que tinham o privilégio de usufruir do bom papo desconexo do proprietário do espaço quando o encontravam em alguma festa, absurdamente alcoolizado.
Apenas uma coisa ainda intrigava aquela trupe desbravadora. Denílson era o único dos amigos feitos na madrugada a quem eles chamavam pelo nome de batismo, sem um apelidozinho sequer. Culpa do jovem que fora ao estabelecimento pela primeira vez sozinho, perguntou o nome do proprietário e decorou ser o mesmo de um dos atletas da campanha do pentacampeonato do Brasil, em 2002. Até que, numa noite, um dos garotos pediu ao garçom uma cerveja. Ele virou-se para o patrão e gritou: “Edílson, mais uma cerveja na mesa deles”. E o Denílson trouxe, imediatamente. Os rapazes ficaram em estado de choque. Inacreditavelmente, estava tudo perfeito.
Um dos rapazes já simpatizara com o Bar Esquina de Minas, mesmo jamais tendo nele adentrado e o espaço nunca tendo sido assunto em conversas no seu círculo de amizades. Sentimento vindo de dentro mesmo. Ocorreu que um dia houve uma festa em que todos os amigos do tal sujeito iriam, mas ele negara-se a participar, alegando questões pessoais. Para não ficar por baixo, decidiu comparecer a outra balada, dos formandos da época, acompanhado pelo saudoso Saulo Inácio Cunha, um dos grandes agregados da equipe àquela altura. O misterioso bar foi, enfim, selecionado como o local de encontro antes da festa.
O jovem rebelde – sabe-se lá por que – encantou-se com o espaço. Tomou algumas doses de aguardente, trocou ideias com o proprietário: uma singular figura, alta e magra, talvez já com seus trinta e tantos anos ou mais. Os cabelos negros lisos eram longos, tendendo aos ombros e sua leveza contrastava com a face mal-delineada e as marcas da idade que chegava. Após o bom papo, o universitário, seguiu para sua festa. Antes, porém, perguntou ao homem seu nome e foi, no dia seguinte, confiante, indicar aos amigos o espetacular Bar do Denílson.
Antes da próxima festa, lá estavam então todos eles. Denílson os acolheu de forma exemplar e este dia marcou a gênese de uma amizade verdadeira. Possivelmente o empresário tenha simpatizado com os garotos bebedores por eles destoarem dos demais frequentadores do ambiente – geralmente nativos de Viçosa, mais precisamente do vizinho Morro do Pintinho, mal-encarados, de bigodes e jaquetas, menos dispostos a conversas amistosas e aparentando portar, ilegalmente, armas de fogo prestes a serem sacadas. Vez por outra, os jovens consumidores sentiam-se acuados com a presença dos companheiros de boteco, mas Denílson assegurava-lhes a proteção necessária.
Em questão de tempo, tomaram conta do bar. Aos poucos, apresentaram-no a todos os amigos e fizeram do estabelecimento o local oficial de agrupamento da turma antes das festas. A rotina era basicamente a mesma: escolher um local privilegiado para posicionar a mesa e, enquanto o Denílson buscava a primeira cerveja, os rapazes pegavam as cadeiras. Também eram eles mesmos quem traziam os copos e selecionavam o DVD a ser tocado. Por mais cheio que o bar estivesse, sempre tinham um lugar garantido.
Mas Denílson conquistou os garotos quando estes pediram a ele doses de aguardente com coloração especial. A fórmula, ele que inventasse. O barman com traços de duende serviu-lhes um drink verde-escuro. Havia elaborado a cachaça tropical – possivelmente misto de pinga com menta, de sabor exótico e agradável. Os universitários desafiaram-no, queriam outra receita. Denílson não falhou e apresentou-lhes um composto vermelho-sangue. Os ingredientes da denominada cachaça infernal até hoje são controversos, mas o que fato é que quem dela provou constatou ser drasticamente mais forte que a anterior e com efeito muito mais arrasador no fígado e no cérebro. Por fim, o já escolado alquimista do álcool preparou uma dose branco-meleca, carinhosamente alcunhada de cachaça da paz, de paladar celestial.
Outra atração eram os preparados alimentícios. O torresmo boiando na gordura há semanas, por exemplo, resultava em efeitos colaterais dos mais adversos. Já então no meio da madrugada, os rapazes se lembravam que ali deveria ser apenas o ponto de partida da programação e deixavam o lugar às pressas, geralmente rumo ao Galpão. Era mais uma noite já bem-sucedida.
Tempos depois, uma grata surpresa: ao meio-dia o Bar Esquina de Minas servia pratos-feitos a custo bastante razoável, além de saborosos, bem diferentes das porções noturnas. Alçado à categoria de restaurante, o espaço figurou como opção para almoço, embora haja quem diga, sem fundamento, que a comida tenha muito óleo.
O bar cresceu, passou a ser melhor frequentado, tornou-se ponto de diversas torcidas para assistir jogos do Brasileirão, conhecido do grande público como Bar do Cabelinho. Mas eram aqueles garotos que tinham o privilégio de usufruir do bom papo desconexo do proprietário do espaço quando o encontravam em alguma festa, absurdamente alcoolizado.
Apenas uma coisa ainda intrigava aquela trupe desbravadora. Denílson era o único dos amigos feitos na madrugada a quem eles chamavam pelo nome de batismo, sem um apelidozinho sequer. Culpa do jovem que fora ao estabelecimento pela primeira vez sozinho, perguntou o nome do proprietário e decorou ser o mesmo de um dos atletas da campanha do pentacampeonato do Brasil, em 2002. Até que, numa noite, um dos garotos pediu ao garçom uma cerveja. Ele virou-se para o patrão e gritou: “Edílson, mais uma cerveja na mesa deles”. E o Denílson trouxe, imediatamente. Os rapazes ficaram em estado de choque. Inacreditavelmente, estava tudo perfeito.
domingo, 24 de maio de 2009
Saudades de um cara 12
Eis uma humilde homenagem a um dos meus grandes parceiros dos já remotos tempos universitários. Um brevíssimo relato de alguém que não dedico outra alcunha a não ser meu amigo. Sua curta biografia, Victor.
Um estranho rapaz de voz estranha e cabelo estranho. Talvez esta seja a mais sintética das definições do saudoso Victor Godoi Castro. Mas mais que o tom de voz incomum – e até levemente sensual – e as mechas alvas que recobrem a cabeça, Victor marca quem o conhece por seu jeito de tratar as pessoas e, sem querer, fazer-se querido.
O Victor é o rapaz gente boa que se dá bem com todas as tribos. O parceiro de todas as horas, de todas as rodas de amigos. Sem importar-se com o dia da semana ou a hora indicada no relógio, ele sempre se mostra disposto a tomar mais um copo, seja de cerveja ou destilados, e divertir-se, sorrir e falar da vida dos outros – de brincadeira, claro. Além disso, Victor faz-se de despercebido, finge de morto, mas é um grande galanteador, um conquistador dos novos tempos, alvo de muitas mocinhas.
O nobre formando em Comunicação Social é o cara que nunca foi visto discutindo com ninguém. Tampouco alguém o viu dizer qualquer coisa de ruim acerca de outrem. Pelo contrário, o Victor só faz bem às pessoas, faz elas rirem, várias e várias vezes. É um cara engraçado por natureza, que se encaixa em qualquer meio social. Ele fez e faz parte de todas as turmas da faculdade, é bem-vindo na galera do estágio, se dá bem com o pessoal do alojamento e por aí vai. Em todos os núcleos, mostrou-se digno de confiança e de um alto posto da hierarquia interna. Uma pessoa fácil de ser admirada e gostada, de graça, talvez muito mais do que só pelo senso de humor requintado.
Quando chegou a Viçosa, da vizinha Ponte Nova, ainda mostrava-se meio perdidão, mas viveu todas as experiências imagináveis na Terra dos Sonhos. Talvez venham daí os traços claros nos cabelos – um reflexo, não da idade, mas da experiência de vida do simpático estranho garoto. Um amigo digno de deixar saudades e um lugar cativo, a fixed place, no coração de quem cruzou seu caminho.
Um estranho rapaz de voz estranha e cabelo estranho. Talvez esta seja a mais sintética das definições do saudoso Victor Godoi Castro. Mas mais que o tom de voz incomum – e até levemente sensual – e as mechas alvas que recobrem a cabeça, Victor marca quem o conhece por seu jeito de tratar as pessoas e, sem querer, fazer-se querido.
O Victor é o rapaz gente boa que se dá bem com todas as tribos. O parceiro de todas as horas, de todas as rodas de amigos. Sem importar-se com o dia da semana ou a hora indicada no relógio, ele sempre se mostra disposto a tomar mais um copo, seja de cerveja ou destilados, e divertir-se, sorrir e falar da vida dos outros – de brincadeira, claro. Além disso, Victor faz-se de despercebido, finge de morto, mas é um grande galanteador, um conquistador dos novos tempos, alvo de muitas mocinhas.
O nobre formando em Comunicação Social é o cara que nunca foi visto discutindo com ninguém. Tampouco alguém o viu dizer qualquer coisa de ruim acerca de outrem. Pelo contrário, o Victor só faz bem às pessoas, faz elas rirem, várias e várias vezes. É um cara engraçado por natureza, que se encaixa em qualquer meio social. Ele fez e faz parte de todas as turmas da faculdade, é bem-vindo na galera do estágio, se dá bem com o pessoal do alojamento e por aí vai. Em todos os núcleos, mostrou-se digno de confiança e de um alto posto da hierarquia interna. Uma pessoa fácil de ser admirada e gostada, de graça, talvez muito mais do que só pelo senso de humor requintado.
Quando chegou a Viçosa, da vizinha Ponte Nova, ainda mostrava-se meio perdidão, mas viveu todas as experiências imagináveis na Terra dos Sonhos. Talvez venham daí os traços claros nos cabelos – um reflexo, não da idade, mas da experiência de vida do simpático estranho garoto. Um amigo digno de deixar saudades e um lugar cativo, a fixed place, no coração de quem cruzou seu caminho.
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terça-feira, 19 de maio de 2009
FIB
Você sabe o que é Felicidade Interna Bruta — a chamada FIB — e como aumentá-la? Eu também não. Mas saberei em breve.
Esta história começa há algumas semanas...
Participei de uma promoção da Coca-Cola que premiaria 16 concorrentes com uma viagem à África do Sul para assistir à Copa das Confederações. Lapidei uma frase defendendo porque eu deveria ser o escolhido e enviei. Aguardei ansiosamente já me imaginando no avião, no hotel, no estádio, no safári. Saiu o resultado e, claro, não ganhei. Claro porque se eu tivesse ganhado, já teria contado para todo mundo.
A derrota em si não me surpreendeu, mas a pobreza das respostas premiadas sim. Além da descarada falta de criatividade, até erro de ortografia eu encontrei. Das duas uma: eles sortearam qualquer inscrito ou é só uma estratégia de lavagem de dinheiro. Para tirar a prova, estabeleci minha mais recente meta para 2009: ganhar uma promoção.
Descobri sites especializados em separar links de concursos virtuais e, durante alguns dias, dediquei meu tempo livre a concorrer aos mais variados prêmios, como câmeras, fogões, um Captiva e até uma camisa do Fluminense. Ontem, ao abrir meu e-mail, recebi a notícia: minha primeira vitória! Foi a meta que cumpri mais rápido na vida.
Sou um dos ganhadores do Livro FIB, elaborado pelo Grupo Icatu Hartford. Respondi, de forma despretensiosa, à pergunta: Por que você merece ganhar um Livro FIB?. O presente parece ser uma espécie de roteiro de condutas com dicas sociais, comportamentais, cultuais e ambientais para se viver melhor. Parece legal. No site Felicidade Interna Bruta tem a versão online.
Quem quiser emprestado, só pedir. Afinal, promessa é promessa.
Esta história começa há algumas semanas...
Participei de uma promoção da Coca-Cola que premiaria 16 concorrentes com uma viagem à África do Sul para assistir à Copa das Confederações. Lapidei uma frase defendendo porque eu deveria ser o escolhido e enviei. Aguardei ansiosamente já me imaginando no avião, no hotel, no estádio, no safári. Saiu o resultado e, claro, não ganhei. Claro porque se eu tivesse ganhado, já teria contado para todo mundo.
A derrota em si não me surpreendeu, mas a pobreza das respostas premiadas sim. Além da descarada falta de criatividade, até erro de ortografia eu encontrei. Das duas uma: eles sortearam qualquer inscrito ou é só uma estratégia de lavagem de dinheiro. Para tirar a prova, estabeleci minha mais recente meta para 2009: ganhar uma promoção.
Descobri sites especializados em separar links de concursos virtuais e, durante alguns dias, dediquei meu tempo livre a concorrer aos mais variados prêmios, como câmeras, fogões, um Captiva e até uma camisa do Fluminense. Ontem, ao abrir meu e-mail, recebi a notícia: minha primeira vitória! Foi a meta que cumpri mais rápido na vida.
Sou um dos ganhadores do Livro FIB, elaborado pelo Grupo Icatu Hartford. Respondi, de forma despretensiosa, à pergunta: Por que você merece ganhar um Livro FIB?. O presente parece ser uma espécie de roteiro de condutas com dicas sociais, comportamentais, cultuais e ambientais para se viver melhor. Parece legal. No site Felicidade Interna Bruta tem a versão online.
Quem quiser emprestado, só pedir. Afinal, promessa é promessa.
segunda-feira, 11 de maio de 2009
Manual do assentado - Anexo 1
Anexo 1 do Manual do assentado
Ratifico: caso haja variedade de lugares vagos no ônibus a serem escolhidos e a experiência com o trajeto indicar que em pouco tempo o coletivo se lotará, opte por uma janela. Aos defensores dos bancos do corredor — que têm suas alegações no maior espaço dispensado às pernas e na facilidade para deixar o ônibus — meu argumento:
Atualmente percebo que aumenta a quantidade de pessoas que veem na superlotação do transporte coletivo uma oportunidade de sarrar alguém. Esses aproveitadores pousam a genitália maliciosamente sobre os ombros do passageiro na cadeira do corredor, enquanto, por dentro, regozijam-se de prazer. Injustiça, imperdoável.
Outro ponto ainda não abordado: a subida ao ônibus é um momento-chave na estratégia para repouso na viagem. É imprescindível entrar o mais rapidamente possível no veículo. Lembre-se: se há nove pessoas no ponto à espera do coletivo, provavelmente há apenas oito lugares vagos. Posicione-se à frente das senhoras e crianças. O Murphy está de olho em você.
A propósito, cavalheirismo é para os fracos.
sábado, 9 de maio de 2009
Saudades de um cara 11
Morar fora em tempos universitários é época de descobrir amores, conhecer amigos e formar nova família. Foi assim na República É Mentira Dela!
Foi um tempo curto, mas incrível. Tomemos como marco inicial o dia em que um moreno forte e crespo arrancou, do painel do R.U, o anúncio de vaga para morar com outros estudantes no pomposo Edifício Tocqueville. Com a maior cara de pau, ao retirar o pequeno cartaz do frequentado mural, Pedro Bezinelli eliminou a concorrência para fazer parte daquele lar. Numa tarde especial, de Nico Loco — quando esta ainda era a balada soberana da cidade —, ele chegou.
À sua espera, estava o então líder Cano, que, por uma inesperada manobra do destino, já havia se relacionado com a namorada do novo integrante. Este, porém, no passado, tivera um affair com a cobiçada e protegida irmãzinha de outro membro: o pequeno, mirabolante e formidável Manoel. A primeira impressão foi fulminante. Formava-se, ali, uma família.
Na área de serviço do confortável apartamento, residia o caçula, e, por sinal, o galã da casa, conhecido como Wiber. Embora nem tivesse atingido a maioridade, era o mais maduro do lar e o guardião das finanças. O que esses sujeitos tinham em comum? Eles viviam o ápice da juventude. Solteiros, curtiam intensamente a vida boêmia. Com o passar do tempo, as mocinhas da cidade passaram a não aprovar tal comportamento leviano e muito se queixavam dos garotões. Acusados injustamente, eles se inspiraram numa poética canção da dupla “Teodoro e Sampaio” para batizarem a república: É Mentira Dela!
...
...
O lar começou a desmoronar quando Manoelzinho transferiu-se para uma instituição de ensino de melhor reputação. Logo após, Cano concluiu a graduação e também sumiu no mundo. Desmotivados, Wiber, Noego e Noavo se foram. Bezinelli permaneceu no mesmo local, mas preferiu por um ponto final naquela fascinante lenda — e chefiou a formação de uma nova equipe, com outra denominação. Pouco mais de um ano durou a breve saga da residência onde imperou a ternura e a alegria. Um verdadeiro conto de fadas chamado República É Mentira Dela!
Nota do editor: Após mudar-se, Wiber formou, com sua turma da faculdade, a República Grillo. Por minha sugestão, estão concorrendo ao concurso República Redonda, da Skol. Vote neles!
Por Matheus Espíndola
Foi um tempo curto, mas incrível. Tomemos como marco inicial o dia em que um moreno forte e crespo arrancou, do painel do R.U, o anúncio de vaga para morar com outros estudantes no pomposo Edifício Tocqueville. Com a maior cara de pau, ao retirar o pequeno cartaz do frequentado mural, Pedro Bezinelli eliminou a concorrência para fazer parte daquele lar. Numa tarde especial, de Nico Loco — quando esta ainda era a balada soberana da cidade —, ele chegou.
À sua espera, estava o então líder Cano, que, por uma inesperada manobra do destino, já havia se relacionado com a namorada do novo integrante. Este, porém, no passado, tivera um affair com a cobiçada e protegida irmãzinha de outro membro: o pequeno, mirabolante e formidável Manoel. A primeira impressão foi fulminante. Formava-se, ali, uma família.
Na área de serviço do confortável apartamento, residia o caçula, e, por sinal, o galã da casa, conhecido como Wiber. Embora nem tivesse atingido a maioridade, era o mais maduro do lar e o guardião das finanças. O que esses sujeitos tinham em comum? Eles viviam o ápice da juventude. Solteiros, curtiam intensamente a vida boêmia. Com o passar do tempo, as mocinhas da cidade passaram a não aprovar tal comportamento leviano e muito se queixavam dos garotões. Acusados injustamente, eles se inspiraram numa poética canção da dupla “Teodoro e Sampaio” para batizarem a república: É Mentira Dela!
...
Passados alguns dias, o ponderado Noavo ingressava na informal moradia. Destoava dos outros companheiros, pois era comprometido, tinha quase 30 anos de idade e cursava o mestrado. Sua integração foi mínima, uma vez que ele passava todos os dias, noites e madrugadas praticando caloroso e barulhento sexo em seu quarto. No ano seguinte, desembarcou na república o prendado e talentoso Noego. Filho de um renomado cheff de cozinha, Noego tinha dons culinários fenomenais. Andava cercado de menininhas, mas não deixava ninguém pegá-las — nem ele mesmo. As aventuras vividas foram inúmeras, mas são assunto para outra hora...
...
O lar começou a desmoronar quando Manoelzinho transferiu-se para uma instituição de ensino de melhor reputação. Logo após, Cano concluiu a graduação e também sumiu no mundo. Desmotivados, Wiber, Noego e Noavo se foram. Bezinelli permaneceu no mesmo local, mas preferiu por um ponto final naquela fascinante lenda — e chefiou a formação de uma nova equipe, com outra denominação. Pouco mais de um ano durou a breve saga da residência onde imperou a ternura e a alegria. Um verdadeiro conto de fadas chamado República É Mentira Dela!
Nota do editor: Após mudar-se, Wiber formou, com sua turma da faculdade, a República Grillo. Por minha sugestão, estão concorrendo ao concurso República Redonda, da Skol. Vote neles!
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sexta-feira, 8 de maio de 2009
Bem-vindo ao Brasil, Imperador!
O tempo é de chegada de astros do futebol internacional ao Brasil. A notícia mais recente é o segundo retorno do centroavante Adriano aos gramados tupiniquins. Desta vez, o atacante volta à Gávea e ao Flamengo, que tão bem conhece. Com Adriano, o Campeonato Brasileiro ganha mais uma atração. A disputa tem tudo para ser a mais acirrada e emocionante dos últimos anos.
O dono da perna esquerda mais potente do futebol mundial na década tem agora mais uma chance de provar que não é um atleta-problema. Enquanto defendeu o São Paulo, em 2008, o Imperador avançou contra um fotógrafo e provocou um acidente automobilístico, supostamente alcoolizado. A volta à Inter de Milão foi marcada por faltas em treinamentos e chegadas atrasadas, temperadas com ressaca. No Rio, festas extravagantes e indícios de vícios de entorpecentes e depressão. Hora de reencontrar-se com as redes, agasalhar-se de novo de respeito e pleitear uma vaga na Amarelinha. E de provar ao Flamengo que vale mais que um Vampeta.
Antes de tudo, Adriano precisará reacostumar-se à realidade técnica do futebol brasileiro. Nada de trocar passes com Robinho, Kaká, Luis Fabiano, Ronaldo, Ibrahimovic, Figo, Crespo. É olhar para o lado e ver Josiel, Zé Roberto, Maxi e até Obina. Mas craque que é craque joga até sozinho.
Vem aí o Campeonato Brasileiro de Adriano, Ronaldo, Fred, Nilmar, Washington, Kleber e Kleber Pereira. De promessas com potencial de fazer história, como Keirrison, Tayson e Ciro. E do melhor centroavante do primeiro semestre no país, Diego Tardelli. Todos têm bola para jogar em qualquer grande seleção europeia. Só a turma do Dunga parece não perceber...
Como seria bom se os brasileiros reconhecem o momento único que o futebol nacional vive e parassem de criticar astros de clubes rivais gratuitamente, só por, hoje, ele não vestir a camisa da agremiação preferida. O Brasileirão vai pegar fogo e o artilheiro de 2009 ficará marcado como o Rei do Gol no país. Que vença o melhor. Bem-vindo ao Brasil, Imperador!
O dono da perna esquerda mais potente do futebol mundial na década tem agora mais uma chance de provar que não é um atleta-problema. Enquanto defendeu o São Paulo, em 2008, o Imperador avançou contra um fotógrafo e provocou um acidente automobilístico, supostamente alcoolizado. A volta à Inter de Milão foi marcada por faltas em treinamentos e chegadas atrasadas, temperadas com ressaca. No Rio, festas extravagantes e indícios de vícios de entorpecentes e depressão. Hora de reencontrar-se com as redes, agasalhar-se de novo de respeito e pleitear uma vaga na Amarelinha. E de provar ao Flamengo que vale mais que um Vampeta.
Antes de tudo, Adriano precisará reacostumar-se à realidade técnica do futebol brasileiro. Nada de trocar passes com Robinho, Kaká, Luis Fabiano, Ronaldo, Ibrahimovic, Figo, Crespo. É olhar para o lado e ver Josiel, Zé Roberto, Maxi e até Obina. Mas craque que é craque joga até sozinho.
Vem aí o Campeonato Brasileiro de Adriano, Ronaldo, Fred, Nilmar, Washington, Kleber e Kleber Pereira. De promessas com potencial de fazer história, como Keirrison, Tayson e Ciro. E do melhor centroavante do primeiro semestre no país, Diego Tardelli. Todos têm bola para jogar em qualquer grande seleção europeia. Só a turma do Dunga parece não perceber...
Como seria bom se os brasileiros reconhecem o momento único que o futebol nacional vive e parassem de criticar astros de clubes rivais gratuitamente, só por, hoje, ele não vestir a camisa da agremiação preferida. O Brasileirão vai pegar fogo e o artilheiro de 2009 ficará marcado como o Rei do Gol no país. Que vença o melhor. Bem-vindo ao Brasil, Imperador!
quinta-feira, 7 de maio de 2009
Cenas do cotidiano 4
O cidadão sai da academia, por volta das 22 horas, segurando em uma mão as duas luvas e na outra uma garrafa de água. No corpo, uma antiga camisa do Corinthians. Na rua em frente, um andarilho, mal-encarado, visivelmente com poucos recursos materiais, espera uma mulher, que chega devagar, maltrapilha, descabelada, magricela, com um top menor que um sutiã e a face feia envolta por fumaça do cigarro na mão. O sem-teto mira o malhador amador, levanta o dedo, abre o sorriso e cantarola:
– ♫Salve o Corinthians!♪ E o Ronaldo, heim?!
– É...
– É o cara para fazer gol!
– É...
– Este é o verdadeiro Ronaldo!
– É...
– Me arruma dez reais.
– Quê?? Não tenho, tô saindo da academia. Só trouxe as luvas e a garrafa.
– Mas e aquele negócio do bando de loucos?
– ...
– ♫Salve o Corinthians!♪ E o Ronaldo, heim?!
– É...
– É o cara para fazer gol!
– É...
– Este é o verdadeiro Ronaldo!
– É...
– Me arruma dez reais.
– Quê?? Não tenho, tô saindo da academia. Só trouxe as luvas e a garrafa.
– Mas e aquele negócio do bando de loucos?
– ...
domingo, 3 de maio de 2009
Cenas do cotidiano 3
Missa de domingo. Um garotinho, loiro, com roupas coloridas e um carrinho na mão, caminha pela igreja, sob os olhos dos pais.
Todos estão ajoelhados, concentrados. O padre prega: “Tomai todos e bebei. Isto é o meu sangue...”
O garotinho procura a mãe.
“Quer fazer cocô!”, adverte, com tom de urgência, quebrando o silêncio no templo de oração.
Os fiéis surpreendem-se, seguram o riso mordendo a boca. Até a matriarca do jovem requisitante tenta controlar-se, enquanto leva o dedo indicador aos lábios para o tradicional “sshhhhh”.
O pequeno reprova, fuzila a mãe com os olhos apertados, enche o peito e, cheio de razão, ordena:
“Quer fa-zer co-côôôô!”
A senhora levanta-se e sai levando pela mão a criança vitoriosa, que continua com cara fechada. Todos ainda esboçam sorrisos.
Pelo odor que fica no ambiente, o garoto não estava de brincadeira. Poderia até ter avisado um pouco antes.
Todos estão ajoelhados, concentrados. O padre prega: “Tomai todos e bebei. Isto é o meu sangue...”
O garotinho procura a mãe.
“Quer fazer cocô!”, adverte, com tom de urgência, quebrando o silêncio no templo de oração.
Os fiéis surpreendem-se, seguram o riso mordendo a boca. Até a matriarca do jovem requisitante tenta controlar-se, enquanto leva o dedo indicador aos lábios para o tradicional “sshhhhh”.
O pequeno reprova, fuzila a mãe com os olhos apertados, enche o peito e, cheio de razão, ordena:
“Quer fa-zer co-côôôô!”
A senhora levanta-se e sai levando pela mão a criança vitoriosa, que continua com cara fechada. Todos ainda esboçam sorrisos.
Pelo odor que fica no ambiente, o garoto não estava de brincadeira. Poderia até ter avisado um pouco antes.
quinta-feira, 30 de abril de 2009
O feriado perfeito
Depois de tanto tempo de espera, chegara o feriado perfeito. Numa sexta-feira, o primeiro assim desde que se formara, começara a trabalhar e mudara-se para longe. Parecia que este dia nunca chegaria. Emendaria a noite de quinta à tarde de domingo. Hora de colocar em prática os mais silenciosos planos.
Estava decidido: tudo se sucederia como fora minuciosamente arquitetado. Chegou do trabalho sem conseguir disfarçar o risinho malicioso de canto de boca. Tomou um longo banho relaxante e se alimentou — precisaria de forças se quisesse mesmo cumprir o que prometera a si mesmo.
Desde que fora morar sozinho no novo lar — um apartamento pequeno, quarto-e-sala, mas aconchegante — era o primeiro feriado em que não viajaria. Tudo que pensava é que não teria pai, mãe, nem ninguém a lhe cobrar explicações no outro dia. Lembrou-se da namorada, em outra cidade, e parou por um instante. O pensamento voou. Seguiu em frente, já estava decidido. Constatou com especial prazer que, caso fosse dormir já sob os primeiros raios de Sol, ninguém jamais saberia. Sentiu-se adulto. Sentiu-se homem.
Escolheu o traje que lhe cairia melhor para a ocasião — o que ele imaginara durante todo o dia. Releu a mensagem de celular recebida da namorada, anunciando que estaria com as amigas em um bar comemorando o aniversário de uma delas. Melhor assim.
Quase tudo pronto. Faltava apenas abrir uma cerveja para encorajar-se de vez. Abriu. Caminhou, a passos lentos, com a lata na mão até o destino almejado. Só de cuecas boxer, sentou-se na cama, desenrolou o fio do controle e ligou o videogame, enquanto selecionava o Winning Eleven. Venceria a liga, custasse o que custasse.
Estava decidido: tudo se sucederia como fora minuciosamente arquitetado. Chegou do trabalho sem conseguir disfarçar o risinho malicioso de canto de boca. Tomou um longo banho relaxante e se alimentou — precisaria de forças se quisesse mesmo cumprir o que prometera a si mesmo.
Desde que fora morar sozinho no novo lar — um apartamento pequeno, quarto-e-sala, mas aconchegante — era o primeiro feriado em que não viajaria. Tudo que pensava é que não teria pai, mãe, nem ninguém a lhe cobrar explicações no outro dia. Lembrou-se da namorada, em outra cidade, e parou por um instante. O pensamento voou. Seguiu em frente, já estava decidido. Constatou com especial prazer que, caso fosse dormir já sob os primeiros raios de Sol, ninguém jamais saberia. Sentiu-se adulto. Sentiu-se homem.
Escolheu o traje que lhe cairia melhor para a ocasião — o que ele imaginara durante todo o dia. Releu a mensagem de celular recebida da namorada, anunciando que estaria com as amigas em um bar comemorando o aniversário de uma delas. Melhor assim.
Quase tudo pronto. Faltava apenas abrir uma cerveja para encorajar-se de vez. Abriu. Caminhou, a passos lentos, com a lata na mão até o destino almejado. Só de cuecas boxer, sentou-se na cama, desenrolou o fio do controle e ligou o videogame, enquanto selecionava o Winning Eleven. Venceria a liga, custasse o que custasse.
terça-feira, 28 de abril de 2009
Saudades de um cara 10
Olney Júnior
Após aprovação no vestibular e consquente mudança para uma cidade desconhecida, a vida muda muito. Uma das principais alterações é, para quase todo mudo, acostumar-se outra vez ao mundo offline. Viver sem conexão na modernidade é um pesadelo. Mas, depois de alguns dias de calouro, em Viçosa, descobre-se que a instituição possui laboratório de informática, com internet. O temor de ser esquecido pelos velhos amigos diminui e, onde menos se imagina, pode estar uma das primeiras grandes figuras a cruzar o caminho do pequeno careca.
Na UFV os alunos dos cursos do Centro de Ciências Humanas acessam a grande rede no laboratório do CCH. Mais que internet rápida e o primeiro contato com o ignoto pinguinzinho do Linux, encontram um jovem magrelo, sempre de óculos, com dentes descompassados envoltos em sorriso agradável e falando sem parar. Olney Júnior é um dos responsáveis pelo espaço desde o tempo em que ainda se podia acessar o Orkut e entrar livremente no MSN para rever, virtualmente, aquela paquera do ensino médio. É ele quem ouve todos os dias dos estudantes que esqueceram, pela última vez, a carteirinha universitária para depois permitir o acesso aos equipamentos, jurando ser a última vez nestas condições.
Olney conhece apenas uma frase para saudar quem chega, despedir-se de quem se vai ou desenvolver qualquer assunto: “E o Galo?!”. É, a paixão deste rapaz pelo Clube Atlético Mineiro é algo louvável, mas um tanto estranha. Não importa o tema discutido, lá vem ele com o tal Galo de novo. Aos poucos que se prestam a debater futebol com ele, Olney não faz qualquer cerimônia para despejar enxurrada de argumentos completamente infundados a favor do Atlético. Se receber corda, o diálogo segue tarde adentro...
Quando Olney sente confiança no amigo de laboratório, lança mão de outra conversa fiada. Como quem não quer nada, chama o jovem interlocutor até seu computador. Na tela, mostra uma modelo europeia siliconada, seminua, em mínimos trajes sensuais. Ele afirma ser uma amiga, que não sai do seu pé e pede uma opinião acerca de que atitude deve tomar. E Olney não é, por assim dizer, um exemplo de rara beleza por trás de lentes.
Olney Júnior sente-se tão conquistador que configurou seu MSN como juninhogostosao9@hotmail.com — provavelmente outros oito júniors tiveram a mesma ideia. Mas fica aqui um conselho: não o adicione, ou, mantenha-o bloqueado. Caso contrário, certamente todas as vezes em que acessar o programa, uma janelinha aparecerá com os dizeres: “juninhogostosao9@hotmail.com diz: E o Galo, heim?!”. É Olney, o Galo...
Na UFV os alunos dos cursos do Centro de Ciências Humanas acessam a grande rede no laboratório do CCH. Mais que internet rápida e o primeiro contato com o ignoto pinguinzinho do Linux, encontram um jovem magrelo, sempre de óculos, com dentes descompassados envoltos em sorriso agradável e falando sem parar. Olney Júnior é um dos responsáveis pelo espaço desde o tempo em que ainda se podia acessar o Orkut e entrar livremente no MSN para rever, virtualmente, aquela paquera do ensino médio. É ele quem ouve todos os dias dos estudantes que esqueceram, pela última vez, a carteirinha universitária para depois permitir o acesso aos equipamentos, jurando ser a última vez nestas condições.
Olney conhece apenas uma frase para saudar quem chega, despedir-se de quem se vai ou desenvolver qualquer assunto: “E o Galo?!”. É, a paixão deste rapaz pelo Clube Atlético Mineiro é algo louvável, mas um tanto estranha. Não importa o tema discutido, lá vem ele com o tal Galo de novo. Aos poucos que se prestam a debater futebol com ele, Olney não faz qualquer cerimônia para despejar enxurrada de argumentos completamente infundados a favor do Atlético. Se receber corda, o diálogo segue tarde adentro...
Quando Olney sente confiança no amigo de laboratório, lança mão de outra conversa fiada. Como quem não quer nada, chama o jovem interlocutor até seu computador. Na tela, mostra uma modelo europeia siliconada, seminua, em mínimos trajes sensuais. Ele afirma ser uma amiga, que não sai do seu pé e pede uma opinião acerca de que atitude deve tomar. E Olney não é, por assim dizer, um exemplo de rara beleza por trás de lentes.
Olney Júnior sente-se tão conquistador que configurou seu MSN como juninhogostosao9@hotmail.com — provavelmente outros oito júniors tiveram a mesma ideia. Mas fica aqui um conselho: não o adicione, ou, mantenha-o bloqueado. Caso contrário, certamente todas as vezes em que acessar o programa, uma janelinha aparecerá com os dizeres: “juninhogostosao9@hotmail.com diz: E o Galo, heim?!”. É Olney, o Galo...
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Saudades de um cara
segunda-feira, 27 de abril de 2009
Jornal Nacional
Reportagem de William Bonner no Jornal Nacional de segunda-feira, 27 de abril de 2009. Um dia após Ronaldo assinar dois golaços contra o Santos na Vila Belmiro.
Boa, Bonner!
Boa, Ronaldo!
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William Bonner
domingo, 26 de abril de 2009
A alegria voltou
A alegria de assistir futebol voltou. O Brasil tem, de novo, um excelente motivo para ligar a televisão no domingo e grudar os olhos na tela. A felicidade atende por uma letra e um número: R9, ou, se preferir, pode chamar de Ronaldo, o Fenômeno.
Para quem ainda duvidava do que ele pudesse fazer, marcou o primeiro gol com a camisa corinthiana sobre o Palmeiras, assinou o tento que eliminou o São Paulo do Paulista e anotou mais dois contra o Santos. No duelo contra o Peixe, o único a ameaçar ofuscar a tarde do Fenômeno foi o lateral Triguinho, autor do gol de honra do time do litoral. Por conta disto, foi impiedosamente castigado, com um corte de letra e um lugar no camarote do salão em que Ronaldo apresentava sua mais nova obra-prima. Gol de placa na Vila, uma pintura para a história. Daquelas que a gente não sabe se vibra, grita, xinga ou chora. Fica bobo.
O que todos estes lances têm em comum? O sorriso aberto, registro do prazer de quem sabe o que faz e faz o que gosta. E que dá gosto de contemplar.
Ronaldo — ao lado de Romário o maior centroavante da história do futebol — joga no Brasil. Sorte dos brasileiros. Numa soma simples, quando a alegria do craque encontra a tradicional e intocada euforia de ser corinthiano, a soma sempre é gol. Gol de Ronaldo, gol do Corinthians, gol do Brasil. Gol da alegria.
A todos que insistiram em minimizar o valor do gênio, é hora de reconhecer que não há mais o que contestar. Ligue a TV, se puder vá ao estádio e, depois de tanto tempo, veja com seus próprios olhos como um craque trata a bola. Enquanto Ronaldo — trajado de branco e negro — escreve mais um capítulo da sua invejável história, caminha, a passos largos, para garantir seu lugar na concorrida galeria dos heróis corinthianos. Lá, Neco, Rivellino, Sócrates, seu xará goleiro, Neto e Marcelinho o aguardam. Com um sorriso nos lábios do tamanho do mundo.
Para quem ainda duvidava do que ele pudesse fazer, marcou o primeiro gol com a camisa corinthiana sobre o Palmeiras, assinou o tento que eliminou o São Paulo do Paulista e anotou mais dois contra o Santos. No duelo contra o Peixe, o único a ameaçar ofuscar a tarde do Fenômeno foi o lateral Triguinho, autor do gol de honra do time do litoral. Por conta disto, foi impiedosamente castigado, com um corte de letra e um lugar no camarote do salão em que Ronaldo apresentava sua mais nova obra-prima. Gol de placa na Vila, uma pintura para a história. Daquelas que a gente não sabe se vibra, grita, xinga ou chora. Fica bobo.
O que todos estes lances têm em comum? O sorriso aberto, registro do prazer de quem sabe o que faz e faz o que gosta. E que dá gosto de contemplar.
Ronaldo — ao lado de Romário o maior centroavante da história do futebol — joga no Brasil. Sorte dos brasileiros. Numa soma simples, quando a alegria do craque encontra a tradicional e intocada euforia de ser corinthiano, a soma sempre é gol. Gol de Ronaldo, gol do Corinthians, gol do Brasil. Gol da alegria.
A todos que insistiram em minimizar o valor do gênio, é hora de reconhecer que não há mais o que contestar. Ligue a TV, se puder vá ao estádio e, depois de tanto tempo, veja com seus próprios olhos como um craque trata a bola. Enquanto Ronaldo — trajado de branco e negro — escreve mais um capítulo da sua invejável história, caminha, a passos largos, para garantir seu lugar na concorrida galeria dos heróis corinthianos. Lá, Neco, Rivellino, Sócrates, seu xará goleiro, Neto e Marcelinho o aguardam. Com um sorriso nos lábios do tamanho do mundo.
quinta-feira, 23 de abril de 2009
Saudades de um cara 9
Saponáceo da Farmácia
Por Matheus Espíndola
A representação humana consagrada para se retratar os anjos, não sei por qual razão, é aquele menininho loiro, de cachinhos, olhos azuis e auréola sobre a cabeça. Pois ao final da avenida PH Rolfs, no interior de um templo divino em forma de farmácia, vive uma figura angelical quase exatamente igual à supracitada — ele mede dois metros de altura.Uma vez que Viçosa é uma cidade repleta de jovens recém-saídos das asas das mães e que não sabem se virar sozinhos, nada mais corriqueiro do que contrair uma gripe brava, uma mão mutilada ou uma tuberculosezinha. Em quaisquer desses casos, ele mostrou-se a melhor alternativa a quem se recorrer. Por isso, recebeu o apodo de “Saponáceo da Farmácia”.
Para se ter uma ideia de seu método de trabalho, basta imaginar a seguinte situação: Um jovem idiota chega ao balcão do estabelecimento, por exemplo, por assim dizer, com uma micose no saco. Ele está constrangido por causa dessa patologia, mas sabe que o Saponáceo é o único que poderá lhe defender.
“Sabão, tem algo para micose?”
“Posso ver a infecção?”
“Melhor não. É no saco”.
“Pois siga-me até minha sala”.
A tal sala, a bem da verdade, é uma caverna mágica, cheia de mistérios, pirilampos e fadas-madrinhas. Saponáceo, então, evoca alguma santidade, pede inspiração aos deuses da cura, faz uma oração, antes de ordenar às paredes do recinto:
“Abre-te!”
Uma forte luz ofusca as vistas, os tijolos se afastam e do meio deles sai um pequeno embrulho, envolto por plantas e rochas brilhantes, descansando sobre uma almofada árabe azul e dourada.
O Saponáceo abre a embalagem e retira uma caixinha. De dentro dela, uma pomada milagrosa.
“Passe em seu saco”.
Não é preciso nem dizer que, em poucas horas, a pele tem seu aspecto, cor e textura regeneradas. Além de ficar imune, para sempre, de qualquer enfermidade.
Foi mais ou menos assim que o Saponáceo se consagrou. Ele ainda casou-se com uma belíssima moça, com metade de sua altura. Uma linda criança foi gerada, pouco depois.
Ainda hoje, ao se passar por aquele trecho da avenida, é possível ver a linda família de farmacêuticos, rodeada por duendes, borboletas, morcegos e pequenas lacraias, todos trabalhando para promover saúde plena e conforto aos cidadãos!
Nota do editor: em recente visita a Viçosa, tive o prazer de cruzar, em meu caminho, com a família medicinal. Para minha surpresa, o pequeno Saponacinho já se tornou um molecote e corria pela calçada defronte o estabelecimento farmacológico, sob olhares atentos dos pais. E, para minha maior surpresa, a Saponácea carregava nos braços outro Saponacinho, este recém-nascido, sob olhares atentos do poderoso, confiante e orgulhoso Saponáceo.
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Saudades de um cara
quarta-feira, 22 de abril de 2009
Carta de uma flamenguista
Cheguei de viagem após o feriado prolongado com algumas ideias para revitalizar o blog. O primeiro assunto, claro, seria a convincente vitória do Corinthians frente ao São Paulo no fim de semana, pela semifinal do Campeonato Paulista.
Esmiuçaria o histórico de confrontos entre os times, em que o Corinthians leva vantagem discrepante ou a relação só com jogos decisivos — em que a diferença a favor do alvinegro é ainda maior. Passaria talvez pela arrogância e prepotência da diretoria tricolor, cada vez mais reconhecida pelos próprios sãopaulinos. Dedicaria uma ou duas piadinhas à desagradável fama que o time do Morumbi carrega.
Mas, antes, acessei meu perfil de site de relacionamentos. Recebi dizeres de uma grande amiga, flamenguista, que fora ao confronto, na arena de batalha, pela primeira vez e acompanhada de tricolores. Mantivemos contato por celular durante a partida. Como eu havia prometido, liguei para ela após o gol do Ronaldo.
Fiquei sem palavras. Nada do que eu pudesse escrever seria tão forte quanto o que se segue.
Esmiuçaria o histórico de confrontos entre os times, em que o Corinthians leva vantagem discrepante ou a relação só com jogos decisivos — em que a diferença a favor do alvinegro é ainda maior. Passaria talvez pela arrogância e prepotência da diretoria tricolor, cada vez mais reconhecida pelos próprios sãopaulinos. Dedicaria uma ou duas piadinhas à desagradável fama que o time do Morumbi carrega.
Mas, antes, acessei meu perfil de site de relacionamentos. Recebi dizeres de uma grande amiga, flamenguista, que fora ao confronto, na arena de batalha, pela primeira vez e acompanhada de tricolores. Mantivemos contato por celular durante a partida. Como eu havia prometido, liguei para ela após o gol do Ronaldo.
Fiquei sem palavras. Nada do que eu pudesse escrever seria tão forte quanto o que se segue.
“Sou encantada pela torcida do seu time”
Por Natália Jael
Foi muito bacana ir ao jogo, lembrei muito de você...
Fiquei ao lado da torcida do Corinthians, mas não tive contato direto com os torcedores, já que a tropa de choque de São Paulo dividiu as ruas entre sãopaulinos e corinthianos. Fiquei muito perto também do campo e do gol onde foram feitos os dois do seu time.
Posso dizer que o Ronaldo é muito mais preto do que parece e que ele ainda está muito gordo mesmo (no final do primeiro tempo ele nem tirou a camisa, como fazem todos os outros jogadores).
É um espetáculo lindo... lindo... lindo e lindo. O que mais me deixou impressionada foi a torcida corinthiana, que não parou de cantar um minuto, mesmo sendo uma minoria de, no máximo, quatro mil torcedores. Estavam sincronizados em tudo, nos cantos, nos aplausos e nos gritos de guerra, fiquei arrepiada quando eles cantaram “A semana inteira fiquei esperando, pra te ver Corinthians, pra te ver jogando...”.
Ao contrário de qualquer outra torcida, os corinthianos não falam o nome de outro time, nem para xingamentos ou ofensas. Enquanto a torcida do São Paulo gritava xingamentos aos torcedores e ao time do Corinthians, os “galinácios” só tinham voz para gritar o nome do time, como se estivessem em um universo paralelo: a torcida e o time, o time e a torcida e mais ninguém. Algo muito bonito de se ver...
Fui embora mais cedo, mesmo porque estava com sãopaulinos nada felizes, mas saí com a certeza de que sou encantada pela torcida do seu time...
Os jogadores têm que se esforçar muito para merecer a torcida que têm.
Fiquei ao lado da torcida do Corinthians, mas não tive contato direto com os torcedores, já que a tropa de choque de São Paulo dividiu as ruas entre sãopaulinos e corinthianos. Fiquei muito perto também do campo e do gol onde foram feitos os dois do seu time.
Posso dizer que o Ronaldo é muito mais preto do que parece e que ele ainda está muito gordo mesmo (no final do primeiro tempo ele nem tirou a camisa, como fazem todos os outros jogadores).
É um espetáculo lindo... lindo... lindo e lindo. O que mais me deixou impressionada foi a torcida corinthiana, que não parou de cantar um minuto, mesmo sendo uma minoria de, no máximo, quatro mil torcedores. Estavam sincronizados em tudo, nos cantos, nos aplausos e nos gritos de guerra, fiquei arrepiada quando eles cantaram “A semana inteira fiquei esperando, pra te ver Corinthians, pra te ver jogando...”.
Ao contrário de qualquer outra torcida, os corinthianos não falam o nome de outro time, nem para xingamentos ou ofensas. Enquanto a torcida do São Paulo gritava xingamentos aos torcedores e ao time do Corinthians, os “galinácios” só tinham voz para gritar o nome do time, como se estivessem em um universo paralelo: a torcida e o time, o time e a torcida e mais ninguém. Algo muito bonito de se ver...
Fui embora mais cedo, mesmo porque estava com sãopaulinos nada felizes, mas saí com a certeza de que sou encantada pela torcida do seu time...
Os jogadores têm que se esforçar muito para merecer a torcida que têm.
Gravado num Corinthians X Juventude, em 05/08/08
Vou cantar pro timão ganhar
Vou cantar pro timão ganhar
Porque eu te amo
Eu te quero bem
Vou cantar pro timão ganhar
Vou cantar pro timão ganhar
Porque eu te amo,
Eu te adoro,
Meu amooor!
A semana inteira
Fiquei esperando
Pra te ver Corinthians,
Pra te ver jogando.
Quando a gente ama,
Não mede esforço
Pra te ver jogar
Te ver jogar, te ver jogar.
Não é brincadeira,
Vou vestir meu manto
Manto alvinegro.
Tem que ter respeito,
Amor à camisa,
Vou com o Corinthians
Em qualquer lugar
Qualquer lugar, qualquer lugar
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Natália Jael
sexta-feira, 17 de abril de 2009
Páginas de um livro bom
Relembrando os sensacionais anos de convivência universitária, o Blog do Cano lançou a série Páginas de um livro bom, da qual, em breve, vou participar.
Vale a pena conferir!
Vale a pena conferir!
quinta-feira, 16 de abril de 2009
Duplo Twist Carpado
Continuo a série de repercussões da viagem ao Rio de Janeiro e o encontro com meus eternos colegas de faculdade.
Além de boa conversa e da cerveja, também dediquei parte do tempo à pratica de esportes na praia.
Veja a leveza de movimentos, a segurança nas passadas e a precisão cirúrgica deste Duplo Twist Carpado de deixar qualquer Diego Hipólito morto de inveja:
Além de boa conversa e da cerveja, também dediquei parte do tempo à pratica de esportes na praia.
Veja a leveza de movimentos, a segurança nas passadas e a precisão cirúrgica deste Duplo Twist Carpado de deixar qualquer Diego Hipólito morto de inveja:
terça-feira, 14 de abril de 2009
segunda-feira, 13 de abril de 2009
O sonho
Acordei meio estranho. Não sabia em que acreditar. Um sonho, marcante, mas parecia tão real.
No mundo mágico da minha mente, nós nos reencontramos. Voltamos a Mangaratiba — eu, Cano, Ferro, Maicou, Afonso, Luiza e Camila e ainda éramos agraciados com as presenças do Lilli, Blau-Blau, Monique e Lívia. Não!, não pode ser verdade...
No meu sonho, quase todos nós nos encontramos na rodoviária do Rio de Janeiro depois de mais de um ano. Foi fantástico. Nos abraçamos, sentindo de novo o calor do abraço fraterno. Emocionante. De lá, sem escalas, viagem de van até Mangaratiba. A casa de praia dos Morgado estava lá, exatamente como a deixamos há três anos. Afonso, Cida e Tainá nos esperavam.
De repente o mundo foi tomado por álcool. Itaipava, Brahma, cachaça com gengibre. Cachaça com própolis, com Listerine. Foi assim por vários dias e várias noites. Fernandôncio chegou, de pick up, acompanhado da noiva Thaís Tibiriçá. Como sempre, muita festa nessa hora.
No mar, nadamos de noite. Nadamos pelados. Nadamos até o iate. Jogamos futebol. Cantamos em coral. Cantamos sucessos, todos eles. Botamos os assuntos mais ou menos em dia. Botamos o pregador. E, no meu sonho, registramos tudo.
Tinha um cara igual Paulo Ricardo. Tinha outro igual Sidney Magal. Teve cara que ralou as costas e a coxa na areia e pegou mulher na rua. Teve touro mecânico e duplo twist carpado na areia. Só pode ter sido sonho, não é possível...
Tinha cara com short da namorada. Tinha cara cantando no violão e contando o que não deveria. Tinha brincadeira musicada, sem-graça de tudo. Tinha até um adolescente entre a gente!
A cerveja acabava. E aparecia mais um monte. E aparecia churrasco, peixe, strogonoff, siri, caranguejo. Os pais da Camila já nem estavam mais lá, mas davam tudo pra gente. Quem fosse dormir era gay.
Nessa minha empreitada imaginária, a gente filmava e fotografava tudo, para depois fazer um documentário sobre o encontro. Dava até medo do que pudesse sair disso. O pessoal fazia vergonha.
Pra finalizar, tinha hora em que todo mundo se abraçava forte de saudade. Mas parecia mesmo que a gente tinha se visto na noite anterior, tamanha a intimidade. Tinha hora que uma lágrima escapava ao som de uma música nossa.
Aí eu acordei. Confuso, como que de ressaca, no Espírito Santo. Não entendi nada.
Sorte que eu estou testando uma máquina que registra sonhos.
No mundo mágico da minha mente, nós nos reencontramos. Voltamos a Mangaratiba — eu, Cano, Ferro, Maicou, Afonso, Luiza e Camila e ainda éramos agraciados com as presenças do Lilli, Blau-Blau, Monique e Lívia. Não!, não pode ser verdade...
No meu sonho, quase todos nós nos encontramos na rodoviária do Rio de Janeiro depois de mais de um ano. Foi fantástico. Nos abraçamos, sentindo de novo o calor do abraço fraterno. Emocionante. De lá, sem escalas, viagem de van até Mangaratiba. A casa de praia dos Morgado estava lá, exatamente como a deixamos há três anos. Afonso, Cida e Tainá nos esperavam.
De repente o mundo foi tomado por álcool. Itaipava, Brahma, cachaça com gengibre. Cachaça com própolis, com Listerine. Foi assim por vários dias e várias noites. Fernandôncio chegou, de pick up, acompanhado da noiva Thaís Tibiriçá. Como sempre, muita festa nessa hora.
No mar, nadamos de noite. Nadamos pelados. Nadamos até o iate. Jogamos futebol. Cantamos em coral. Cantamos sucessos, todos eles. Botamos os assuntos mais ou menos em dia. Botamos o pregador. E, no meu sonho, registramos tudo.
Tinha um cara igual Paulo Ricardo. Tinha outro igual Sidney Magal. Teve cara que ralou as costas e a coxa na areia e pegou mulher na rua. Teve touro mecânico e duplo twist carpado na areia. Só pode ter sido sonho, não é possível...
Tinha cara com short da namorada. Tinha cara cantando no violão e contando o que não deveria. Tinha brincadeira musicada, sem-graça de tudo. Tinha até um adolescente entre a gente!
A cerveja acabava. E aparecia mais um monte. E aparecia churrasco, peixe, strogonoff, siri, caranguejo. Os pais da Camila já nem estavam mais lá, mas davam tudo pra gente. Quem fosse dormir era gay.
Nessa minha empreitada imaginária, a gente filmava e fotografava tudo, para depois fazer um documentário sobre o encontro. Dava até medo do que pudesse sair disso. O pessoal fazia vergonha.
Pra finalizar, tinha hora em que todo mundo se abraçava forte de saudade. Mas parecia mesmo que a gente tinha se visto na noite anterior, tamanha a intimidade. Tinha hora que uma lágrima escapava ao som de uma música nossa.
Aí eu acordei. Confuso, como que de ressaca, no Espírito Santo. Não entendi nada.
Sorte que eu estou testando uma máquina que registra sonhos.
quarta-feira, 8 de abril de 2009
Minha turma
Este post é inspirado no excelente blog Just Wrapped in books, do excelente escritor João Júnior.
Na verdade não moro sozinho. Digo isto apenas para afugentar criminosos e paparazzi. Por enquanto, somos em quatro.
Este é meu grande amigo coala. É quem me ouve nos momentos de solidão, quem me abraça nas noites frias. Mentira, em Guriri não tem noites firas. É presente de Natal da minha namorada Fernanda — de quando ainda nem éramos oficialmente um casal. Talvez tenha sido uma tentativa de acelerar as coisas e eu pedir logo a mão dela. Se foi, deu certo.
Ao ganhar o coala, improvisei, com o laço que envolvia o embrulho, uma gravata borboleta para o bicho. Ele ficou elegante, com pose de animal bem-sucedido nos negócios, um gentleman. Assim, com tamanha autoridade, ganhou o nome de Senhor Coala. A gravata, claro, eu perdi instantes depois.
E eu sei que ele está precisando de um banho.
Esta é a Pig depois que sofreu mutação genética. Era apenas uma porquinha cor-de-rosa de poupar moedas. Certo dia, depois de muito tempo que já a tinha, decidi alimentá-la com uma moeda de R$ 1 pela primeira vez. Ela, que não estava acostumada ao tamanho do metal, cedeu, quebrando parte do dorso. Quase um rompimento de hímen.
Eu não achei ruim, porque assim poderia assaltá-la sempre que preciso. Mas um dia, no período de Réveillon, minha família veio me visitar. Meu pai, após chegar da praia — onde suspeito que bebeu uma cerveja estragada — resolveu reparar pequenos defeitos na casa. Consertou a tampa do fogão e sobrou durepox. O gatuno, aproveitando-se de estar sozinho na cozinha, colou a porca. Sobrou durepox. O maluco resolveu então arquitetar um pequeno rabo na suína. Sobrou durepox. Ele, não satisfeito, ainda sob forte efeito do álcool com validade prescrita, modelou dois chifres na bichinha. Assim nasceu a porquinha mutante.
Caso você se pergunte: “Mas ele é corinthiano e tem um porco em casa?” Não é um porco! É uma porca. Rosa. Sacou?
Por fim, esta é a galinha d’angola porta-guardanapos. Ela não tem graça nenhuma, embora tenha relativa utilidade. Adquiri a ave de madeira em uma circunstância curiosa. Passava o Réveillon 2007-2008 com uma família de amigos. Eles trouxeram uma brincadeira, como um amigo-oculto, em que dependendo de uma série de acontecimentos cada um terminava com um presente legal — como uma camisa ou uma caixa de bombons — ou algo pífio — como uma banana. Todas as lembranças foram compradas por eles e ficavam embrulhadas. Não lembro com que terminei (era algo irrelevante), mas negociei e optei por trocá-lo pela galinha. Achei simpática.
Último detalhe: nos tempos de faculdade, eu ainda tinha um leão de pedra-sabão, um sapo que fazia barulho de beijo, um macaco que veio no Passatempo e um ursinho Pooh.
Na verdade não moro sozinho. Digo isto apenas para afugentar criminosos e paparazzi. Por enquanto, somos em quatro.
Este é meu grande amigo coala. É quem me ouve nos momentos de solidão, quem me abraça nas noites frias. Mentira, em Guriri não tem noites firas. É presente de Natal da minha namorada Fernanda — de quando ainda nem éramos oficialmente um casal. Talvez tenha sido uma tentativa de acelerar as coisas e eu pedir logo a mão dela. Se foi, deu certo.
Ao ganhar o coala, improvisei, com o laço que envolvia o embrulho, uma gravata borboleta para o bicho. Ele ficou elegante, com pose de animal bem-sucedido nos negócios, um gentleman. Assim, com tamanha autoridade, ganhou o nome de Senhor Coala. A gravata, claro, eu perdi instantes depois.
E eu sei que ele está precisando de um banho.
Esta é a Pig depois que sofreu mutação genética. Era apenas uma porquinha cor-de-rosa de poupar moedas. Certo dia, depois de muito tempo que já a tinha, decidi alimentá-la com uma moeda de R$ 1 pela primeira vez. Ela, que não estava acostumada ao tamanho do metal, cedeu, quebrando parte do dorso. Quase um rompimento de hímen.
Eu não achei ruim, porque assim poderia assaltá-la sempre que preciso. Mas um dia, no período de Réveillon, minha família veio me visitar. Meu pai, após chegar da praia — onde suspeito que bebeu uma cerveja estragada — resolveu reparar pequenos defeitos na casa. Consertou a tampa do fogão e sobrou durepox. O gatuno, aproveitando-se de estar sozinho na cozinha, colou a porca. Sobrou durepox. O maluco resolveu então arquitetar um pequeno rabo na suína. Sobrou durepox. Ele, não satisfeito, ainda sob forte efeito do álcool com validade prescrita, modelou dois chifres na bichinha. Assim nasceu a porquinha mutante.
Caso você se pergunte: “Mas ele é corinthiano e tem um porco em casa?” Não é um porco! É uma porca. Rosa. Sacou?
Por fim, esta é a galinha d’angola porta-guardanapos. Ela não tem graça nenhuma, embora tenha relativa utilidade. Adquiri a ave de madeira em uma circunstância curiosa. Passava o Réveillon 2007-2008 com uma família de amigos. Eles trouxeram uma brincadeira, como um amigo-oculto, em que dependendo de uma série de acontecimentos cada um terminava com um presente legal — como uma camisa ou uma caixa de bombons — ou algo pífio — como uma banana. Todas as lembranças foram compradas por eles e ficavam embrulhadas. Não lembro com que terminei (era algo irrelevante), mas negociei e optei por trocá-lo pela galinha. Achei simpática.
Último detalhe: nos tempos de faculdade, eu ainda tinha um leão de pedra-sabão, um sapo que fazia barulho de beijo, um macaco que veio no Passatempo e um ursinho Pooh.
domingo, 5 de abril de 2009
sábado, 4 de abril de 2009
Manual do assentado
A vida na cidade grande exige adaptações. A competitividade está presente em todos os momentos da vida social e, decerto, há mais pessoas que lugares a se sentar nos núcleos urbanos de aglomeração humana. A chance de ficar em pé ao lado de um banco ocupado é ampla e, nestas horas, o tal do Murphy pode querer te perseguir.
Eu desenvolvi minhas próprias técnicas para conseguir e assegurar vaga em assentos — algo muito mais elaborado do que simplesmente chegar antes dos outros. Por exemplo: chega-se cedo à missa, antes até do padre (eu adquiri o costume de ficar lá atrás, nos últimos bancos). Os lugares vão, aos poucos, sumindo, até que o pessoal começa a ficar em pé, também em posições estratégicas — perto do ventilador e/ou da porta.
Começa a missa. A Igreja se enche. Canto de Entrada, Canto de Louvor e... aparece uma velhinha! As velhinhas são, neste caso, o pior inimigo de quem chegou cedo e está lá, tranquilo, agradecendo o dom da vida enquanto se segura para não pegar no cochilo. A velhinha chega e para ao lado do banco. E, caso você seja o primeiro cara da fila, o pessoal começa a te olhar feio, porque, pelo código de ética social, quem deve ceder o lugar é o primeiro da fila. Negar assento a uma velhinha em pleno culto de ação de graças é uma passagem para o inferno sem escala no purgatório. Não dá.
Os idosos valem-se da bengala, da pele enrugada e do reumatismo para chegar atrasados a eventos sociais. E, num estado democrático, isto não é justo. Tem também as mulheres ou casais, que chegam tarde com um nenenzinho no colo — aí vale a mesma regra. Dá até vontade de se oferecer para segurar a criança e deixar os grandões em pé, mas, sinceramente, não sei qual é pior. Por isto, na Igreja, não tenha dúvidas: pode-se até sentar lá atrás, mas nunca fique na ponta. Só isto.
No ônibus as coisas são mais difíceis. Pelo menos os idosos têm lugares só para eles. Mas os velhinhos de 64 anos pagam passagem e vão ficar em pé justamente do seu lado. Por isto, aqui vão duas dicas preciosas caso você já esteja sentado e não deseje com todas as forças se levantar para passar o resto da viagem em pé, cheirando o suvaco de um negão suado, de bigodes e camisa regata cavada e celular com som ligado alto tocando música com refrão perseguidor. Primeiro: sente-se o mais longe possível da roleta. Além de ficar mais perto quando for descer, evita os velhinhos, gestantes e ah!, pode incluir os obesos na lista. Segundo: sente-se à janela. O código de ética diz que o sujeito do corredor é quem se levanta.
Agora vem a parte mais difícil: conseguir um lugar no coletivo quando se está em pé. Aqui a percepção faz toda diferença. É importante conhecer o trajeto do ônibus e reparar nos passageiros. Por exemplo: no caminho entre o trabalho e a casa tem uma faculdade. Assim, deve-se caminhar até o lado de alguém que esteja sentado e tenha cara de universitário. Procure mochilas ou livros — qualquer indício que comprove a suspeita vai servir. Cuidado apenas para não ficar próximo a algum idoso que esteja em pé, já que, quando o estudante levantar (na verdade já deveria ter levantado), a preferência será do velhinho.
O ônibus parou próximo à faculdade e o alvo não desceu. Logo, estuda em outro lugar e está apenas voltando para casa. Mudança de planos radical. Mentalize o próximo local de maior fluxo de pessoas. O hospital! Procure passageiros sentados todos de branco ou que aparentem alguma enfermidade (se vire para perceber isto) ou tristeza exacerbada. Lentamente aproxime-se e monte a guarda. O próximo ponto aproxima-se.
Deu certo? Yes! Agora é só repousar, curtir a paisagem, ler um livro ou ligar o mp3 — e colocar o volume do fone mais alto que o celular do cara em pé com música chata de refrão perseguidor.
Eu desenvolvi minhas próprias técnicas para conseguir e assegurar vaga em assentos — algo muito mais elaborado do que simplesmente chegar antes dos outros. Por exemplo: chega-se cedo à missa, antes até do padre (eu adquiri o costume de ficar lá atrás, nos últimos bancos). Os lugares vão, aos poucos, sumindo, até que o pessoal começa a ficar em pé, também em posições estratégicas — perto do ventilador e/ou da porta.
Começa a missa. A Igreja se enche. Canto de Entrada, Canto de Louvor e... aparece uma velhinha! As velhinhas são, neste caso, o pior inimigo de quem chegou cedo e está lá, tranquilo, agradecendo o dom da vida enquanto se segura para não pegar no cochilo. A velhinha chega e para ao lado do banco. E, caso você seja o primeiro cara da fila, o pessoal começa a te olhar feio, porque, pelo código de ética social, quem deve ceder o lugar é o primeiro da fila. Negar assento a uma velhinha em pleno culto de ação de graças é uma passagem para o inferno sem escala no purgatório. Não dá.
Os idosos valem-se da bengala, da pele enrugada e do reumatismo para chegar atrasados a eventos sociais. E, num estado democrático, isto não é justo. Tem também as mulheres ou casais, que chegam tarde com um nenenzinho no colo — aí vale a mesma regra. Dá até vontade de se oferecer para segurar a criança e deixar os grandões em pé, mas, sinceramente, não sei qual é pior. Por isto, na Igreja, não tenha dúvidas: pode-se até sentar lá atrás, mas nunca fique na ponta. Só isto.
No ônibus as coisas são mais difíceis. Pelo menos os idosos têm lugares só para eles. Mas os velhinhos de 64 anos pagam passagem e vão ficar em pé justamente do seu lado. Por isto, aqui vão duas dicas preciosas caso você já esteja sentado e não deseje com todas as forças se levantar para passar o resto da viagem em pé, cheirando o suvaco de um negão suado, de bigodes e camisa regata cavada e celular com som ligado alto tocando música com refrão perseguidor. Primeiro: sente-se o mais longe possível da roleta. Além de ficar mais perto quando for descer, evita os velhinhos, gestantes e ah!, pode incluir os obesos na lista. Segundo: sente-se à janela. O código de ética diz que o sujeito do corredor é quem se levanta.
Agora vem a parte mais difícil: conseguir um lugar no coletivo quando se está em pé. Aqui a percepção faz toda diferença. É importante conhecer o trajeto do ônibus e reparar nos passageiros. Por exemplo: no caminho entre o trabalho e a casa tem uma faculdade. Assim, deve-se caminhar até o lado de alguém que esteja sentado e tenha cara de universitário. Procure mochilas ou livros — qualquer indício que comprove a suspeita vai servir. Cuidado apenas para não ficar próximo a algum idoso que esteja em pé, já que, quando o estudante levantar (na verdade já deveria ter levantado), a preferência será do velhinho.
O ônibus parou próximo à faculdade e o alvo não desceu. Logo, estuda em outro lugar e está apenas voltando para casa. Mudança de planos radical. Mentalize o próximo local de maior fluxo de pessoas. O hospital! Procure passageiros sentados todos de branco ou que aparentem alguma enfermidade (se vire para perceber isto) ou tristeza exacerbada. Lentamente aproxime-se e monte a guarda. O próximo ponto aproxima-se.
Deu certo? Yes! Agora é só repousar, curtir a paisagem, ler um livro ou ligar o mp3 — e colocar o volume do fone mais alto que o celular do cara em pé com música chata de refrão perseguidor.
quinta-feira, 2 de abril de 2009
PDO
Inauguro mais uma seção, a PDO, que trará as melhores e mais significativas imagens homenageando o mestre Paulo Dimas de Oliveira.
Na primeira foto,Ferro e eu Safira e Fernanda. Momento registrado no churrasco de confraternização da turma de Comunicação de 2006.
O que mais me agradou foi a interpretação no olhar. Bela foto!
Sugestões? Envie para a Central de Gerenciamento Issoqueeufalei ou entre em contato pessoalmente com o adminstrador do domínio.
Na primeira foto,
O que mais me agradou foi a interpretação no olhar. Bela foto!
Sugestões? Envie para a Central de Gerenciamento Issoqueeufalei ou entre em contato pessoalmente com o adminstrador do domínio.
segunda-feira, 23 de março de 2009
Saudades de um cara 8
“Crescei-vos e multiplicai-vos”, sentenciou o Criador. O Lilli levou a sério.
Lillizinho e Lilli 3
O Lilli sempre foi um cara especial. O tipo de pessoa que agrada todo mundo, de quem todo mundo gosta. Entre suas características, uma chamava a atenção: a capacidade de reprodução. Como que por meiose, muitos outros Lillis cruzaram nosso caminho e receberam alcunhas de numerais cardinais — que seguiram mais ou menos a ordem em que os indivíduos apareceram e/ou o grau de similaridade física com exemplar original, o 1.
No entanto, dois deles se destacaram, sem ser dos magros com os cabelos negros cacheados. Eles chegaram a Viçosa e o destino cuidou de colocá-los na mesma república do Lilli — daí a fazer parte da turma foi um pulo.
O Lillizinho chegou comendo pelas beiradas. Era amigo do irmão mais novo do Lilli e, quando chegou a Viçosa, pediu abrigo ao compatriota do Norte mineiro. A bagagem do estudante restringia-se a seu Playstation 2 e um CD de Winning Eleven. Foi cedido a ele o estreito quartinho da casa, miúdo, que combinava com seu porte mínimo.
Lillizinho foi assim apelidado pela estrutura física mais jovial, quase infantil. Superdotado de inteligência, o pequeno gênio chegou à cidade universitária tímido, ainda conhecendo a adolescência, com espinhas em vez de barbas. A pele branca combinava com a careca — fruto do triunfo da aprovação nos exames para ingresso no ensino superior — e os óculos grossos que escondiam o olhar míope, configurando um aspecto de garoto retraído. Jovial, diminuto, mas de um companheirismo incrível, sem tamanho.
Aos poucos foi se soltando. Adotou tradições, participou ativamente dos eventos organizados pelos novos amigos e aprimorou técnicas de feições faciais relativas a Paulo Dimas de Oliveira. Aprendeu a falar espanhol na balada e acatou todo o código de ética Coala. No último dia de vida acadêmica de dois dos seus amigos comunicadores, foi fisgado no corredor do PVA e intimado a assistir à apresentação de trabalho de conclusão de curso que tratava de um projeto literário envolvendo glórias de clubes futebolísticos. Prontamente aceitou. Definitivamente havia se tornado um de nós.
Lilli 3 apareceu depois. Usava boné para trás, roupas e cabelos adolescentes. Chegou transferido da universidade de Diamantina — terra do melhor carnaval do mundo. Àquela altura existia diversos Lillis 2. Assim, naturalmente, assumiu — de forma exclusiva — o terceiro posto na hierarquia.
Jovem agradável, parceiro, divertido, sempre que podia estava com a equipe. Um belo vagabundo, diga-se de passagem. Ele e Lillizinho tornaram-se dois pequenos cavaleiros do poderoso Lilli 1, algo como os capangas de uma gangue do bem. Uma cena marcante ocorreu na biografia do grão-mestre da ordem lillítica, em que 3 e Zinho coroaram a amizade com os então formandos numa tarde de muitas histórias para a eternidade.
Lilli 1 nos proveu dois bons caras.
No entanto, dois deles se destacaram, sem ser dos magros com os cabelos negros cacheados. Eles chegaram a Viçosa e o destino cuidou de colocá-los na mesma república do Lilli — daí a fazer parte da turma foi um pulo.
O Lillizinho chegou comendo pelas beiradas. Era amigo do irmão mais novo do Lilli e, quando chegou a Viçosa, pediu abrigo ao compatriota do Norte mineiro. A bagagem do estudante restringia-se a seu Playstation 2 e um CD de Winning Eleven. Foi cedido a ele o estreito quartinho da casa, miúdo, que combinava com seu porte mínimo.
Lillizinho foi assim apelidado pela estrutura física mais jovial, quase infantil. Superdotado de inteligência, o pequeno gênio chegou à cidade universitária tímido, ainda conhecendo a adolescência, com espinhas em vez de barbas. A pele branca combinava com a careca — fruto do triunfo da aprovação nos exames para ingresso no ensino superior — e os óculos grossos que escondiam o olhar míope, configurando um aspecto de garoto retraído. Jovial, diminuto, mas de um companheirismo incrível, sem tamanho.
Aos poucos foi se soltando. Adotou tradições, participou ativamente dos eventos organizados pelos novos amigos e aprimorou técnicas de feições faciais relativas a Paulo Dimas de Oliveira. Aprendeu a falar espanhol na balada e acatou todo o código de ética Coala. No último dia de vida acadêmica de dois dos seus amigos comunicadores, foi fisgado no corredor do PVA e intimado a assistir à apresentação de trabalho de conclusão de curso que tratava de um projeto literário envolvendo glórias de clubes futebolísticos. Prontamente aceitou. Definitivamente havia se tornado um de nós.
Lilli 3 apareceu depois. Usava boné para trás, roupas e cabelos adolescentes. Chegou transferido da universidade de Diamantina — terra do melhor carnaval do mundo. Àquela altura existia diversos Lillis 2. Assim, naturalmente, assumiu — de forma exclusiva — o terceiro posto na hierarquia.
Jovem agradável, parceiro, divertido, sempre que podia estava com a equipe. Um belo vagabundo, diga-se de passagem. Ele e Lillizinho tornaram-se dois pequenos cavaleiros do poderoso Lilli 1, algo como os capangas de uma gangue do bem. Uma cena marcante ocorreu na biografia do grão-mestre da ordem lillítica, em que 3 e Zinho coroaram a amizade com os então formandos numa tarde de muitas histórias para a eternidade.
Lilli 1 nos proveu dois bons caras.
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sexta-feira, 13 de março de 2009
Intensive flashback 2
Originalmente escrito e publicado em abril de 2006.
Carnaval inesquecível
(Solteiro no Rio de Janeiro)
Por Matheus Espíndola
Bem que me disseram... a cidade é (de facto) maravilhosa.
Mais do que isso, me atrevo a afirmar que aquele papo de Pão de Açúcar, Corcovado, Garota de Ipanema, enfim... é tudo propaganda enganosa. Assim como essa conversa de tiroteio, assalto, e todos os outros mais cartões postais de que muito se fala por aí.
A grande magia da cidade maravilhosa mora na Vila dos Afonsos... um lugar abençoado, um paraíso em meio à natureza, um oásis de perfeição que se esconde pouco antes de chegar no engarrafamento.
Somado a isso, uma estadia saponácea no litoral. Momentos inesquecíveis de curtição, sol, surf, passeio de navio... e a visita à Ilha de Kubanacan. Sem falar das ilustríssimas companhias de John Lock, Tino, Guilhermino... e por aí vai.
Mas nada reacendeu o nosso espírito de Coala de maneira mais intensa do que aquele reencontro há tantos anos esperado... Sim, ele compareceu. Nosso saudoso e gigantesco amigo Afonso Coutinho. Como foi bom constatar que ele continua o mesmo... e como é inacreditável perceber que conseguimos viver tanto tempo sem ele.
Uma canção profunda embalou nossas férias, nos remetendo à mensagem de que um dia a gente há de ser feliz... Se Deus quiser. E no mais... dane-se o mundo, dane-se Ronaldo, Robinho, Shevchenko, Zidane. Dane-se tudo. Dane-se Canei!
Até o nosso próximo destino... Brasila! (Onde já somos eternos...)
Mais do que isso, me atrevo a afirmar que aquele papo de Pão de Açúcar, Corcovado, Garota de Ipanema, enfim... é tudo propaganda enganosa. Assim como essa conversa de tiroteio, assalto, e todos os outros mais cartões postais de que muito se fala por aí.
A grande magia da cidade maravilhosa mora na Vila dos Afonsos... um lugar abençoado, um paraíso em meio à natureza, um oásis de perfeição que se esconde pouco antes de chegar no engarrafamento.
Somado a isso, uma estadia saponácea no litoral. Momentos inesquecíveis de curtição, sol, surf, passeio de navio... e a visita à Ilha de Kubanacan. Sem falar das ilustríssimas companhias de John Lock, Tino, Guilhermino... e por aí vai.
Mas nada reacendeu o nosso espírito de Coala de maneira mais intensa do que aquele reencontro há tantos anos esperado... Sim, ele compareceu. Nosso saudoso e gigantesco amigo Afonso Coutinho. Como foi bom constatar que ele continua o mesmo... e como é inacreditável perceber que conseguimos viver tanto tempo sem ele.
Uma canção profunda embalou nossas férias, nos remetendo à mensagem de que um dia a gente há de ser feliz... Se Deus quiser. E no mais... dane-se o mundo, dane-se Ronaldo, Robinho, Shevchenko, Zidane. Dane-se tudo. Dane-se Canei!
Até o nosso próximo destino... Brasila! (Onde já somos eternos...)
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